A norte-americana Lisa Phillips foi abusada pelo financista e traficante sexual Jeffrey Epstein quando tinha 20 anos, entre 2000 e 2003. Em entrevista ao Correio, por e-mail, ela falou sobre a divulgação dos arquivos do caso Epstein e cobrou maior transparência das autoridades. Nesta terça-feira, mais de 13 mil documentos foram publicados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Muitos deles faziam menção ao presidente Donald Trump.
Qual a sua opinião sobre o governo divulgar apenas arquivos com trechos censurados?
Isso parece como descascar apenas algumas camadas de uma cebola muito grande — o público recebeu apenas uma fração dos arquivos, repletos de censura excessiva e inexplicável. O mais preocupante é que as identidades das sobreviventes foram expostas, enquanto informações sobre supostos cúmplices, finanças e conclusões do júri foram quase totalmente ocultadas.
Na condição de sobrevivente, quais seus sentimentos relação à liberação desses arquivos?
Como sobrevivente, a divulgação é algo ao mesmo tempo reconfortante e profundamente doloroso: confirma a dimensão do abuso, mas reforça o quanto as instituições falharam em agir, apesar dos claros alertas que remontam a décadas. Muitos de nós sabemos exatamente quem cometeu esses crimes, então ver esses nomes e detalhes protegidos — enquanto as vítimas não são — reabre feridas antigas, em vez de trazer paz.
Você acredita que faltou transparência em relação a esses arquivos? Por quê?
Sim. A verdadeira transparência significa proteger as vítimas e, ao mesmo tempo, divulgar integralmente quem facilitou, participou ou acobertou esses crimes, e isso não aconteceu nesse caso. Quando potenciais cúmplices, registros financeiros e materiais do grande júri aprovados pelo juiz são totalmente ocultados, isso levanta sérias preocupações sobre quem está sendo protegido e por quê.
Saiba Mais
-
Mundo Papa Leão XIV pede trégua global de um dia no Natal
-
Mundo Por que alguns cristãos não comemoram o Natal?
-
Mundo Um dos criadores de 'Call of Duty' morre em acidente de trânsito
-
Mundo As tradições de Natal pelo mundo que não envolvem comprar presentes
-
Mundo O CEO que não tem medo de ser um 'militante woke'
-
Mundo Foguete sul-coreano explode após lançamento no Brasil: o que se sabe sobre a missão fracassada
