Após ter dividido opiniões de analistas ao não intervir para conter a escalada do dólar no início de agosto — quando chegou a bater R$ 5,74 —, o Banco Central resolveu se mexer e anunciou que vai realizar, nesta sexta-feira (30), um leilão de venda de dólares à vista. Segundo o comunicado, será aceita a compra de, no máximo, US$ 1,5 bilhão. O leilão será realizado das 9h30 às 9h35.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, havia dito, na quarta-feira, que o BC estava sempre com "o dedo no gatilho" para atuar no mercado de câmbio, caso necessário. "A gente chegou muito perto de pensar em fazer intervenção em alguns momentos", disse Campos Neto, em evento promovido pelo Banco Santander.
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Declarações anteriores do próprio Campos Neto e do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo — reforçando que o BC esteve prestes a intervir durante o estresse no início de agosto — já eram vistas por analistas como um recado de que a autoridade monetária barraria tentativas de agentes de provocar uma corrida ao dólar.
O economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, afirma que há expectativa de saída de cerca de US$ 1 bilhão amanhã em razão do rebalanceamento do fundo americano EWZ (MSCI Brazil ETF), que vai passar a incluir ações brasileiras listadas no exterior, como XP e Nubank. O EWZ é o principal ETF (fundo que replica um índice de mercado) brasileiro negociado nos Estados Unidos - conhecido popularmente como "Ibovespa dolarizado".
"Devem ter percebido que o mercado poderia ficar disfuncional com fluxo de saída esperado por conta do EWZ. Além disso, amanhã (hoje) é vencimento de contrato futuro e, provavelmente, o BC pode querer evitar que uma saída de dólares gere distorção na formação da ptax", afirma Costa.
Trata-se da primeira intervenção no segmento à vista desde 22 de abril de 2022, quando o BC vendeu US$ 571 milhões. Na ocasião, a moeda americana ganhava força em todo o mundo em razão de sinais do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de mais aperto monetário nos EUA.
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