Pandemia

Rodrigo Craveiro: meu filho vai se vacinar

"A resistência do governo Bolsonaro em aplicar as vacinas nas crianças entre 5 a 11 anos é inexplicável"

Rodrigo Craveiro
postado em 22/12/2021 06:00
 (crédito: STR / AFP)
(crédito: STR / AFP)

Sim, meu filho vai se vacinar! Sabem por quê? Porque eu o amo e desejo nada mais do que saúde plena e felicidade a ele. Porque eu acredito na ciência, confio em pesquisadores que dedicam a vida a ajudar a humanidade. Porque abomino o negacionismo, as fake news, a mentira que se propaga como lama tóxica pelas redes sociais — parafraseando a jornalista filipina Maria Ressa, ganhadora do Nobel da Paz deste ano. Porque não consigo conceber como algumas pessoas opinam, a torto e a direito, sobre temas dos quais lhes falta qualquer conhecimento, enquanto disseminam por aí que a Terra é plana e que a vacina contra a covid-19 faz virar jacaré, altera o DNA humano, implanta um chip no corpo, entre outras baboseiras que temos escutado de forma irresponsável.

A resistência do governo Bolsonaro em aplicar as vacinas nas crianças entre 5 a 11 anos é inexplicável. Soa como uma tentativa de impor à população os dogmas negacionistas de quem provavelmente nem acredita mais em si mesmo. Viola os artigos 5º e 196º da própria Constituição, que regem pelo direito à vida e à saúde, também um dever do Estado. Atesta a insensibilidade das autoridades, que falam em colocar o tema na pauta de uma audiência pública, quando o mesmo exige máxima urgência. O que dizer da pressão sobre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que revele os nomes dos técnicos que autorizaram a imunização infantil?

No dia em que começou a vacinação contra a covid-19 no Brasil, por iniciativa do governador de São Paulo (pasmem!), João Doria (PSDB), meu filho questionou-me quando poderia ser imunizado. Fiquei sem resposta. Com a vacina autorizada para essa faixa etária, é inconcebível que o Planalto e o Ministério da Saúde ignorem uma aprovação embasada cientificamente. Na verdade, é um escárnio ao bom senso.

Quantas vacinas você tomou quando criança? Alguma vez seu pai ou sua mãe questionou a eficácia das mesmas? Sua saúde foi colocada em risco depois que foi imunizado contra sarampo, poliomielite, entre outras doenças? Olhe para o seu filho ou filha. Você teria coragem de impor a quem você mais ama a não proteção contra a covid-19? Uma pandemia cobra o preço do descaso pela saúde. E ele pode ser alto demais para políticos e pais negacionistas.

 


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