basquete

Marcos Paulo Lima: FoMO, esporte, foco e você

Marcos Paulo Lima
postado em 30/04/2022 06:00
 (crédito: Christian Petersen)
(crédito: Christian Petersen)

Vamos ao conceito. FoMO é uma sigla em inglês. Significa Fear of Missing Out. Numa tradução ao pé da letra, "Medo de Ficar de Fora". Foi usada pela primeira vez, em 2004, por Patrick J. McGinnis, em artigo da revista The Harbus, da Harvard Business School. Talvez esse mal do nosso tempo esteja lincado ao desempenho do seu ídolo no esporte. A queda ou a turbinada no rendimento do atleta pode ter a ver com esse fenômeno da era das redes sociais.

Astros da NBA, a liga norte-americana de basquete, admitem: a FoMO invadiu a quadra. Recordista de cestas de três pontos, Stephen Curry tem outras manias além do arremesso impecável e de morder o protetor bucal. O protagonista do Golden State Warriors aproveitava intervalos no jogo de 48 minutos para pegar o aparelho celular e dar uma espiadinha no Instagram, Twitter, Facebook. WhatsApp, Telegram... Queria saber, em tempo real, comentários sobre a performance dele.

A NBA proíbe postagens nas redes sociais durante as partidas, mas lá, também, dão jeitinho. Fãs flagraram like de Curry a uma análise do repórter da NBC, Grant Liffman, antes do início do terceiro quarto de uma partida contra o Oklahoma City Thunder. Para variar, o armador de 34 anos estava on fire.

Aos poucos, o camisa 30 começou a perceber que as idas e vindas ao feed afetavam o desempenho dele. Curry decidiu mudar de hábito nas finais da temporada 2014/2015 da NBA. Mandou o celular para a zona morta e o Golden State Warriors venceu a série melhor de sete contra o Cleveland Cavaliers, de LeBron James, por 4 x 2.

"Quando todo mundo assiste ao seu jogo todas as noites, deixar um pingo de negatividade ou um comentário terrível chegar até você, especialmente antes de uma partida, durante o intervalo ou algo assim, provavelmente não é a melhor decisão que você pode tomar", justificou Curry ao Mercury News.

Relatos como o dele têm virado regra no esporte. Ex-jogador por 14 temporadas, Caron Butler descreveu ao New York Times como é um vestiário da NBA. "Você pode ver todos como 'zumbis' olhando para seus telefones, tentando ver o que está acontecendo e se eles perderam alguma coisa". Em uma tentativa de cura, o ex-jogador JJ Redick, analista da ESPN, chegou ao extremo de encerrar todos os perfis quando jogava.

Um dos sintomas da FoMO é a inquieta sensação de que você está perdendo algo que os outros estão fazendo, provavelmente algo melhor do que está realizando. O mal tirava Curry do foco, ou seja, do que ele faz de melhor.

Isso serve de alerta para mim e para você. "FoMO não é frescura, é mal-estar, pode se agravar e gerar de ansiedade a depressão", alertou, em 2018, numa entrevista ao UOL, Sylvia van Enck, psicóloga do Programa de Dependências Tecnológicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Cuide-se!

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