EDITORIAL

Visão do Correio: Dengue, zika e chikungunya

Correio Braziliense
postado em 18/11/2022 06:00
 (crédito: Pexels/Divulgação )
(crédito: Pexels/Divulgação )

É difícil falar em comemoração no Dia Nacional de Combate à Dengue, programado para este sábado (19/11), quando os números não são nem um pouco animadores. Desde que surgiu, há 30 anos, o mosquito Aedes aegypti nunca foi dizimado. Pelo contrário, o transmissor se alastrou e novas doenças surgiram, além da dengue — como a chikungunya e a zika.

Alguns equívocos podem explicar a disseminação dos criadouros do mosquito. É um erro pensar que somente devemos nos preocupar com o Aedes no fim do ano, no período de chuvas ou no calor. Ou então se preocupar apenas na época da fiscalização, quando um funcionário da prefeitura faz uma visita às residências, verificando pneus e vasos encharcados.

Não é à toa que o Ministério da Saúde lançou, em outubro, a campanha "Todo dia é dia de combater o mosquito", na tentativa de mobilizar a população sobre os perigos do inseto e a importância de manter os ambientes secos.

Vacinas ou medicamentos específicos para cada uma das doenças não existem, deixando as autoridades de saúde de mãos atadas. As estatísticas estão aí para todos verem. Somente este ano, até a primeira quinzena de outubro, o aumento no número de casos prováveis foi de 184,6% se comparado ao mesmo período de 2021. Foram 478,5 mil casos no ano passado, contra 1,3 milhão neste ano, dos quais 909 mortes em 10 meses.

É verdade que fatores climáticos contribuem para o crescimento dos casos de dengue e de outras arboviroses. As altas temperaturas em combinação com a água da chuva, as condições de moradia de parte da população brasileira e as mudanças de circulação dos sorotipos que circulam no ambiente explicam essa alta na transmissibilidade do mosquito.

Não menos importante, até meados de outubro, o Brasil notificou 168,9 mil casos de chikungunya e uma taxa de 79,2 casos a cada 100 mil habitantes, com 76 mortes confirmadas — um aumento de 86,9% nos casos.

No caso da zika — os dados referem-se à primeira quinzena de setembro —, foram 10,5 mil casos da doença, com 4,9 casos a cada 100 mil habitantes. Em relação ao mesmo período de 2021, a elevação foi de 92,6%, ainda que sem mortes registradas por zika este ano.

Embora haja algum investimento por parte do Ministério da Saúde — com políticas públicas de saúde, treinamento e orientação de técnicos, envio de inseticidas e larvicidas a estados e municípios e adequação de estratégias de combate ao mosquito —, as iniciativas são ínfimas frente à imensidão do território nacional, suas desigualdades sociais e aderência às campanhas.

O Ministério da Saúde, inclusive, divulgou recentemente, o lançamento de um projeto de vigilância das arboviroses. No entanto, contratar 27 colaboradores para atuar em 27 unidades federativas não é exatamente um reforço significativo. O que resta é a população se conscientizar dos cuidados básicos de combate ao mosquito bem ao estilo de "cada um cuida do seu" e Deus de todos nós.

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