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Muito dinheiro em circulação é combustível para a chama da inflação

A inflação impacta diretamente a vida dos consumidores. A alta dela representa o crescimento do custo de vida das pessoas e a redução do poder de compra da moeda

 Dinheiro, Real Moeda brasileira
     -  (crédito: José Cruz/Agência Brasil)
Dinheiro, Real Moeda brasileira - (crédito: José Cruz/Agência Brasil)
postado em 13/03/2024 06:00 / atualizado em 13/03/2024 09:23

O dinheiro é uma ferramenta essencial para a economia por ser usado para facilitar as trocas de bens, serviços e para permitir que as pessoas poupem e invistam. No entanto, o dinheiro também pode perder valor ao longo do tempo, com a inflação que é causada por demanda alta por bens e serviços, aumento de custos de produção e maior emissão de moeda ou gastos governamentais, resultando em preços mais altos.

A inflação impacta diretamente a vida dos consumidores. A alta dela representa o crescimento do custo de vida das pessoas e a redução do poder de compra da moeda. Ao longo do tempo, a principal consequência da inflação é a perda do poder de compra. Por isso, uma forma simples de perceber a variação da inflação é quando o consumidor vai ao supermercado. O preço dos produtos nas prateleiras não são os mesmos de 10 anos atrás: estão mais caros.

A inflação não é medida por um único índice. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) produz dois dos índices mais importantes do país: o IPCA, considerado oficial pelo governo federal, e o INPC. Outros índices relevantes são o IGP-M e o IPC-Fipe. O governo brasileiro utiliza o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) como índice oficial de inflação. Esse indicador é essencial para tomar decisões sobre taxas de juros e metas inflacionárias.

No país, a inflação tem sido um problema recorrente, com taxas médias acima de 10% anual, nos últimos 30 anos. A expansão da oferta monetária é um dos principais fatores que contribuem para a inflação. Quando o Banco Central autoriza a emissão de dinheiro, o aumento da quantidade de cédulas e moedas disponíveis na economia leva a um crescimento da demanda por bens e serviços, pressionando os preços para cima.

A expansão da oferta monetária tem sido significativa nos últimos anos. De acordo com o Banco Central, a base monetária M2, que inclui o dinheiro em circulação e os depósitos à vista, aumentou mais de 56.000,00%, desde a criação do real, em 1994.

Essa medida econômica tem sido responsável por uma significativa perda de valor do Real. Desde a criação da moeda, o salário-mínimo passou por uma valorização de 1.937%, enquanto o IPCA subiu 6.673%.

As projeções do mercado para o IPCA de 2024 são de que o índice feche o ano em 3,9%. Apesar da diminuição gradativa da taxa Selic no ano passado pelo Banco Central, a política monetária brasileira ainda tem altas taxas de juros reais que são utilizadas para conter a inflação. Esses juros têm como objetivo reduzir o crédito disponível, diminuindo o poder de compra dos consumidores e, consequentemente, controlando os preços e o custo de vida. É importante que algum nível de inflação seja mantido no país, para que haja uma atividade econômica equilibrada.

O combate à inflação é um desafio complexo e até mesmo fatores externos podem pressionar os preços de um país. A inflação sofre influência não só de produtos produzidos aqui, mas também de fora do Brasil. Então, qualquer choque lá fora pode levar a movimentos inflacionários no país.

A agenda de desenvolvimento sustentável do Brasil requer uma política econômica que fomente o consumo e a geração de emprego e renda. Há sinais de melhora da fragilidade financeira das famílias, com medidas como a continuidade da política de valorização do salário mínimo, o programa de renegociação das dívidas das famílias de baixa renda (o Desenrola Brasil) e a queda da taxa Selic, reverberando sobre o mercado de crédito.

No âmbito do setor industrial, há um cenário de reação dos investimentos. A atuação por parte do BNDES, com elevada aprovação de financiamentos em infraestrutura, os programas do governo federal e locais de obras públicas e de facilitação do crédito, com sistema de garantias, além da trajetória de queda prevista para a taxa de juros Selic e na ponta do crédito, tornam o cenário para o crescimento dos investimentos mais favorável neste ano.

As prioridades para o Brasil devem ser: um maior controle da expansão monetária; a regulamentação da reforma tributária; e o equilíbrio das contas públicas. Assim, é possível manter uma trajetória de crescimento sustentável. É preciso avançar nessas questões para que não tenhamos o chamado "voo de galinha". É crucial o ajuste das contas públicas. O governo deve zelar para não gastar mais do que arrecada para que os avanços não sejam perdidos.

Acreditamos no Brasil e em sua capacidade de avançar mais e mais.

*Carlos Jacobino é presidente do Sindicato da Indústria da Informação do DF - Sinfor e fundador do grupo ISG

 

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