OPINIÃO

Família

Famílias têm diversas variações e designações, e todas essas "peças" fazem parte da constituição de cada personalidade que anda por esta Terra — para o bem e para o mal

Ter paciência com os parentes, entender os limites e vontades fazem parte do cotidiano e deveriam ser uma parte metafísica da nossa existência -  (crédito: Reprodução/Freepik)
x
Ter paciência com os parentes, entender os limites e vontades fazem parte do cotidiano e deveriam ser uma parte metafísica da nossa existência - (crédito: Reprodução/Freepik)

O mundo não está em maior ebulição do que estava há um tempo, mas, definitivamente, diversos fatos e acontecimentos poderiam ser abordados nestas linhas. Existem muitos assuntos para se falar hoje. A crise de Trump com deportações ao longo dos últimos dias, delações na Justiça brasileira com detalhes surpreendentes e tantos outros tópicos que devem ter surgido desde o fechamento desta edição. Contudo, nada seria tão importante quanto a nossa família.

Do núcleo mais próximo de parentes, até aquele primo de segundo grau, que vive em outro estado e já tem filhos que sequer conhecemos. As famílias têm diversas variações e designações, e todas essas "peças" fazem parte da constituição de cada personalidade que anda por esta Terra — para o bem e para o mal.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Nem sempre os parentes são a melhor parte das pessoas. Alguns sequer têm qualquer traço de familiares e amigos próximos se tornam a figura que não compartilhamos o sangue, mas nos tornam pertencentes a uma família. 

A família, é óbvio, tem diversas designações. A mais comum, que aprendemos na escola, fala sobre o "primeiro núcleo social". A definição — um pouco simples — é uma contrapartida para as definições filosóficas sobre parentescos ao longo da história (um hobby muito divertido de estudo, vale frisar).

Para Hegel, por exemplo, o conceito de família parece ser muito sério, quase formal, taciturno. O filósofo alemão associa o tema à ética dos indivíduos. Aristóteles, há cerca de 300 anos antes de Cristo, falou da família sob o ponto de vista do poder, envolvendo até mesmo bens materiais. Já Kant apontou a família com características mais "naturais", envolvida na sobrevivência da espécie. Nenhuma definição está mais certa ou errada que outra.

Se no contexto de identificações filosóficas as famílias já parecem tão curiosas, vale pontuar também que ao longo da história os parentes, como conhecemos hoje, nem sempre foram tão "normais". A instituição familiar se modificou radicalmente ao longo dos anos, sempre existindo de certa forma, mas nunca tão emocional. Na Grécia antiga, famílias iam tão longe quanto toda a população de determinada vila. Antes do contexto religioso, a promiscuidade entre familiares era comum.

Ao passar dos anos, as famílias ganharam característica de maior privacidade e prezam pelo afeto em detrimento de posições de poder — como na Idade Média. Atualmente, pequenas e diferentes famílias significam muito.

Com a idade, passei a encarar como "família" aqueles que detinham minha preocupação, ou que tivessem um lugar cativo em minhas orações silenciosas do fim do dia. Com o passar dos anos, acho que preciso menos da família em um sentido físico. Contudo, dependo cada vez mais deles no contexto emocional.

As famílias sempre estão brigando, discordando. Mas quando alguém precisa, são os primeiros a ajudarem. Ter paciência com os parentes, entender os limites e vontades fazem parte do cotidiano e deveriam ser uma parte metafísica da nossa existência. Entre todos os temas que surgirem ao longo desta terça-feira, lembre-se: nada seria tão importante quanto a nossa família.

 

Ronayre Nunes
postado em 28/01/2025 06:00