
Roberto Perosa — Presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC)
O ano de 2024 ficará marcado como o período em que a carne bovina brasileira superou barreiras, conquistou novos mercados e consolidou seu protagonismo global. Com exportações de 2,9 milhões de toneladas, um salto de 26% em relação ao ano anterior, e uma receita de US$ 12,9 bilhões (R$ 78,6 bilhões na cotação atual), o setor respondeu, em grande parte, pelo resultado favorável da balança comercial do agro brasileiro. Para se ter uma ideia da grandiosidade desse feito, o volume exportado pelo Brasil equivale quase à produção anual inteira da Argentina, que soma 3 milhões de toneladas.
A China foi o principal destino, com 1,3 milhão de toneladas e US$ 6 bilhões em receita. Mas 2024 foi um ano de diversificação e crescimento, e os Estados Unidos, Emirados Árabes, União Europeia e mercados emergentes, como México e Filipinas, também registraram aumentos expressivos, destacando a carne bovina brasileira como sinônimo de qualidade e confiabilidade.
Esse desempenho não é fruto do acaso. O trabalho conjunto entre a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a ApexBrasil, por meio do projeto Brazilian Beef, segue decisivo para promover a carne brasileira mundo afora. Com o apoio estratégico do Ministério da Agricultura e Pecuária e do Ministério das Relações Exteriores, feiras internacionais, missões, campanhas estratégicas e o compromisso com práticas responsáveis abriram novas oportunidades e consolidaram nossa presença mundial.
Exportar mais é reflexo do aumento da produção interna de carne, que também foi recorde no ano passado. A agroindústria frigorífica deve fechar 2024 com processamento de 11,7 milhões de toneladas, segundo dados do governo. Cerca de 70% dessa produção é destinada ao mercado interno, garantindo que a maior parte da carne bovina continue na mesa do brasileiro, enquanto os 30% restantes seguem para o exterior. Em ambos os casos, com qualidade, sanidade e, principalmente, a sustentabilidade que é cada vez mais exigida no mundo.
No quesito sustentabilidade, 2024 trouxe um marco fundamental: o lançamento do Plano Nacional de Rastreabilidade Individual pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, construído em parceria com o setor privado e com entidades representativas, como a Abiec e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária). Essa iniciativa moderniza nossa cadeia produtiva, fortalece a imagem do Brasil como um fornecedor responsável e atende às exigências de consumidores cada vez mais atentos à origem e à qualidade dos alimentos. Além disso, a plataforma Agro Brasil Sustentável agrega valor à nossa produção e contribui para eliminar restrições sobre as exportações brasileiras.
Para 2025, as expectativas são ambiciosas. Negociações avançam para acessar mercados de peso, como Japão, Turquia, Vietnã e Coreia do Sul, que juntos representam quase 30% do mercado global de carne bovina. Esses países não são apenas destinos promissores, mas também o próximo passo para consolidar o Brasil como uma potência agroexportadora ainda maior.
O desafio, no entanto, vai além do acesso a novos mercados. A modernização da cadeia produtiva, a sustentabilidade e a manutenção da sanidade são questões centrais. Neste ano, o Brasil será declarado pela Organização Mundial de Saúde Animal como um país todo livre de febre aftosa sem vacinação, um avanço técnico-científico que consolida a posição do Brasil como um fornecedor confiável. O grande desafio será demonstrar essa evolução para mercados, tanto nacionais quanto externos, reafirmando o compromisso com qualidade e segurança alimentar.
Se 2024 foi um ano de recordes, 2025 promete ser de novas conquistas. A carne bovina brasileira não é apenas um produto de excelência; é a prova do trabalho, inovação e paixão que movem nossa cadeia produtiva. Seguimos avançando, com o mundo como nosso mercado e a certeza de que o melhor ainda está por vir.