
A menos de cinco meses do início da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a anfitriã Belém do Pará receberá altas autoridades mundiais, cientistas, ambientalistas e líderes de diferentes grupos da sociedade civil. Entre 10 e 21 de novembro de 2025, os participantes terão que discutir, apontar e assumir compromissos que assegurem a vida no planeta.
Nada chegará a ser inédito. Na ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro, o tema aquecimento global constava da agenda mundial. Os anos se passaram e a relação humana com o meio ambiente seguiu agressiva. Na escala de valores, a vida das pessoas, das gerações futuras perderam importância diante da ganância dos detentores de poder e dos líderes do mundo empresarial.
As políticas públicas para o meio ambiente oscilam a cada período de governo. Há projetos que compactuam com a deterioração das áreas de preservação, que impactam todo o ecossistema e, inclusive, vidas humanas. Outras, voltadas à preservação do patrimônio natural, esbarram na resistência do poder político e econômico. Os fenômenos climáticos, cada vez mais agressivos, com danos irreparáveis, não sensibilizam os antiambientalistas.
Em 2015, o Acordo de Paris foi assinado por 195 países, um sinal de compromisso de revisão das relações com o meio ambiente e a redução gradual das emissões de gases de efeito estufa. A comitiva brasileira, liderada pelo então ministro Sarney Filho, teve participação, considerada excelente, nas negociações com vários líderes, quebrando resistências ao acordo.
Porém, os compromissos não foram levados a sério, nem mesmo pelo Brasil, que abriga a maior e a mais invejada floresta tropical do planeta. Tem um Cerrado, rico em espécies animais e vegetais — muitas ainda não descritas pela ciência e alvo da cobiça dos mais diferentes ramos da indústria. Esses dois biomas têm sido violentados das mais diferentes formas, causando graves danos às comunidades que neles vivem.
Preservar a Amazônia e a riqueza da sua cobertura vegetal foi mais discurso do que ação. Desmatamentos e queimadas, com finalidades criminosas — tráfico madeira, mineração ilegal, usurpação de territórios indígenas, quilombolas e até de agricultores familiares — chamaram a atenção até das mídias internacionais.
Mesmo sendo extremamente relevante e necessário, o quanto antes, abolir os combustíveis fósseis, para reduzir o aquecimento global, o país discute a instalação de novas frentes de exploração de petróleo em áreas ambientalmente frágeis. Hoje, a área mais visada é a Margem Equatorial, na Bacia da Foz do Amazonas, localizada na costa do Amapá e Pará. Por mais que seu potencial seja estimado em bilhões de barris, não há como negar que é uma iniciativa na contramão da necessidade de se conter o uso de combustível fóssil. A COP30 está a caminho. Espera-se que, ante o agravamento dos fenômenos climáticos, haja uma transição que elimine as incoerências até agora dominantes.
Opinião
Opinião
Opinião