
Atravessamos dias em que a violência política serve como alerta para todos nós. Nesta semana, dois episódios ganharam repercussão global e merecem uma atenção especial. No Nepal, uma onda de protestos juvenis, marcada pela indignação contra a corrupção e pela censura a redes sociais, culminou em incêndios, saques e mortes. Os vídeos impressionam pelo estado de barbárie. Nos Estados Unidos, um jovem influenciador conservador, Charlie Kirk, foi assassinado aos 31 anos, durante uma palestra ao ar livre. Trata-se de um episódio que choca não apenas pela brutalidade, mas também pelo simbolismo. Afinal, o aliado do presidente Donald Trump era um dos rostos mais conhecidos da militância política digital norte-americana.
Ambos os casos expõem uma verdade incômoda. Sociedades atravessadas por tensões políticas e pela desconfiança mútua se tornam terreno fértil para a violência. No Nepal, um movimento que começou com pautas legítimas acabou sequestrado por oportunistas e mergulhou o país no caos, que levou à decretação do toque de recolher a partir das 22h. Nos EUA, um assassinato em pleno câmpus universitário aponta para o perigo do extremismo que ultrapassa o limite do debate e se converte em sangue derramado. A violência contra um ativista político é inadmissível e deve ser investigada a fundo.
O Brasil, por sua vez, não está distante desses riscos. Muito pelo contrário. As redes sociais estão saturadas de polarização. O radicalismo é evidente. O caso do Nepal, por exemplo, vem sendo distorcido por influenciadores com milhares de seguidores como modelo de "resistência" contra o Supremo Tribunal Federal. Não se trata apenas de retórica: há mensagens que pregam violência direta contra ministros e familiares. O clima de animosidade é real, e tal cenário precisa de uma atenção especial. Estamos a pouco mais de um ano de uma eleição presidencial e, em 2022, tivemos mortes relacionadas ao embate político.
Se não quisermos repetir tragédias, é preciso que todos compreendam que a pacificação social não é um luxo, mas uma necessidade. É preciso conter os discursos e defender o espaço democrático como arena do dissenso civilizado e desarmar os ânimos antes que palavras inflamadas se convertam em ações irreversíveis. Por isso, nossas lideranças precisam firmar o compromisso de que não vão incentivar atos violentos. Já tivemos candidatos falando em "metralhar adversários" em campanhas eleitorais anteriores. E isso não pode mais se repetir.
Pacificar não significa silenciar divergências. Mas, sim, reafirmar que o conflito deve ser travado no campo das ideias e nunca com armas, fogo ou ódio. O momento pede vigilância, maturidade e firmeza. Afinal, a democracia não se sustenta sozinha. Depende do compromisso coletivo em rejeitar o atalho perigoso da violência.
Opinião
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