
Muito além da política, a grande verdade é que a polarização que o mundo vive atualmente traz riscos em diversas vertentes. Um dos maiores, a meu ver, é o silenciamento. Não falo de ser calado à força, mas de não poder se expressar plenamente. É quando você ainda fala, mas não diz o que realmente gostaria de dizer. Expressar-se em plenitude não precisa ser algo polêmico, mas eventualmente pode significar dizer algo que nem todos concordam. Hoje, resolvi exercitar essa liberdade com quatro opiniões impopulares.
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Antes de tudo, vale esclarecer: opinião impopular não é discurso de ódio, tampouco extrapola a liberdade de expressão. É apenas uma visão de mundo moldada pela própria vivência, e não necessariamente por ensinamentos prévios. O exercício de admitir e compartilhar opiniões impopulares é também um convite à convivência com a diversidade. Se todos pensassem igual, o mundo seria monótono e estagnado. É no contraste, na discordância e até no desconforto que surgem aprendizados e mudanças. Dito isso, aqui estão as minhas quatro opiniões impopulares:
A fama é uma das piores coisas que podem acontecer na vida de alguém. Sei que muitos a perseguem em busca de dinheiro, e nesse aspecto até pode ser justificável. Mas a fama, por si só, parece sugar a alma das pessoas. Nunca fui famoso, mas observar como celebridades se transformam em saco de pancada público — especialmente na era das redes sociais — me faz enxergar a fama quase como uma maldição.
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Tédio e ócio fazem parte da vida, e tentar erradicá-los é um erro. Hoje em dia, tudo é produção: trabalhar muito, estudar muito, se divertir muito, ser muito. Mas deveria haver espaço também para simplesmente não fazer nada. Ficar em silêncio, encarar as paredes, meditar. O ócio, em equilíbrio, pode ser um aliado contra a ansiedade. Não há motivo para culpa nesses momentos.
Mentir nem sempre é um problema. Muitas vezes, é fácil ser cruel em nome da "honestidade", mas isso é desnecessário. Ser brutalmente verdadeiro não faz de ninguém uma pessoa melhor — na maioria das vezes, apenas rude ou grosseira. Não quer ir a um compromisso? Inventar uma desculpa menos dolorida que um "não quero" não é crime, nem antiético.
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As redes sociais fazem mais mal do que bem. É verdade que essas plataformas ampliaram a comunicação, deram voz a muitos e até criaram uma espécie de distribuição de renda que não existiriam de outra forma. Mas também trouxeram inúmeros problemas: desde uma socialização mais conturbada até a escalada da violência e do ódio. No fim das contas, sinceramente, acho que os pontos negativos superam os positivos.
Não sei se minhas opiniões impopulares são canceláveis ou defensáveis, mas elas existem. E acredito que todos tenham as suas: não gostar tanto do suco da avó, da presença de um certo amigo do amigo ou da pelúcia que virou moda. Essas opiniões que fogem da maioria não precisam ser enterradas, nem escondidas.
Afinal, reconhecer nossas opiniões impopulares nos tira da caixinha e, de alguma forma, faz bem.
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