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Carnaval de Porto Alegre, 70 anos de desfiles oficiais

O aporte financeiro antecipado deve ser visto como fator decisivo para que se possa desenvolver a produção dos desfiles oficiais, priorizando e garantindo um ambiente confortável e seguro para as escolas de samba

Clovis André, ativista, produtor e gestor cultural -  (crédito: Arquivo pessoal)
Clovis André, ativista, produtor e gestor cultural - (crédito: Arquivo pessoal)

A cultura popular do carnaval, a ser celebrada em fevereiro de 2026, retratará uma data memorável, comemorando as sete décadas de espetáculos das escolas de samba, reafirmando que estamos vivendo o momento mais marcante da história do nosso carnaval. E tudo isso começou com a retomada da relação institucional entre o poder público e as entidades carnavalescas que, com a reconciliação, uniram-se para uma parceria necessária com a finalidade de traçar um programa longevo e sustentável, capaz de garantir o futuro da nossa cultura popular que se traduz a cada dia no diálogo perene e permanente.

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A efetivação dos entregáveis criou-se um ambiente de volta da credibilidade do "povo do samba". Baseada em um qualificado modelo de gestão, feito por gente trabalhadora, competente, criativa e plural que resiste e vai à luta por meio do fomento, difusão e promoção, assegurando que a escola de samba fique cada vez mais viva. Em um feito inédito e histórico, a Prefeitura de Porto Alegre, sob a gestão da secretária Liliana Cardoso, repassou os recursos em julho deste ano, o que dá conta do fomento integral às escolas de samba dos grupos Ouro, Prata e Bronze, e também para a tribo carnavalesca.

O referido aporte ganha destaque e importância porque foi feito 120 dias após a última entrega, e sete meses antes do próximo desfile. É a primeira vez na história que o fomento cultural dessa natureza foi realizado com tanta antecedência, levando-se em conta a memória local de todos os municípios do país. Essa ação permitiu às escolas de samba mais tempo para o planejamento e o desenvolvimento dos seus temas-enredo, assim como os seus desdobramentos. E é nesse sentido que a medida virou modelo e precisa ser seguida por todas as gestões governamentais, nos três níveis da federação: municipal, estadual e união. É dessa forma que se efetiva o compromisso com a cultura popular do carnaval.

O aporte financeiro antecipado deve ser visto como fator decisivo para que se possa desenvolver a produção dos desfiles oficiais, priorizando e garantindo um ambiente confortável e seguro para as escolas de samba. A iniciativa de repassar os recursos com tamanho prazo, gerando repercussão nacional, consolida e destaca o compromisso da Prefeitura de Porto Alegre, na gestão do prefeito Sebastião Melo, em impulsionar o carnaval da cidade. Tornam-se necessárias à preservação, manutenção e revitalização física das sedes, quadras, barracões e demais estruturas das escolas de samba e tribos, sendo reconhecidas como equipamentos culturais comunitários oficiais do município, integrantes do patrimônio cultural, artístico, material e imaterial da cidade por representarem expressões vivas da memória e da tradição popular afro-porto-alegrense considerando seus acervos, arquivos, fantasias, instrumentos e espaços de produção artística como bens culturais protegidos.

A qualificação como bem cultural não interfere na autonomia jurídica e administrativa, mas garante sua proteção legal como relevância coletiva e histórica da cidade. É primordial garantir mecanismos de financiamento, diretos e indiretos, para a realização, promoção, desenvolvimento e valorização do carnaval, o que se materializa com repasse de recursos orçamentários, mediante editais públicos de fomento cultural específicos assim como a celebração de convênios e termos de colaboração com entidades carnavalescas regularmente constituídas.

O fortalecimento da economia criativa se faz com foco nos empreendedores, artesãos, costureiras, aderecistas, músicos, intérpretes e coreógrafos, produtores culturais, cenógrafos, técnicos de som, luz e imagem, fornecedores de materiais, instrumentos e serviços diversos, oficinas de confecção de fantasias, alegorias e profissionais de mídia, audiovisual e comunicação.

Dessa forma, estamos consolidando um marco legal moderno, abrangente e alinhado à importância cultural, social e econômica que o nosso carnaval requer como potente cadeia produtiva da economia criativa e instrumento de desenvolvimento social. Isso tudo protege o ciclo carnavalesco de descontinuidades e garante previsibilidade aos agentes culturais, colocando-o como um setor estratégico que propicia trabalho e renda durante todo o ano, desde costureiras e aderecistas, a músicos e produtores, fortalecendo a economia criativa local.

 


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postado em 06/12/2025 06:01
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