
As imagens de dois atiradores disparando seus fuzis contra civis indefesos, em uma praia de Sydney (Austrália), estarrecem, amedrontam e nos levam à percepção de que o terrorismo persiste como ameaça real e latente. Enquanto organização terrorista, o Estado Islâmico (EI) foi destroçado durante a guerra civil na Síria, depois de uma série de execuções bizarras, que incluíram decapitações e afogamentos dentro de jaulas. Tudo registrado em câmeras para semear o horror. Mas, enquanto ideologia, permanece viva e à espreita, como uma força do mal que inspira grupos e os chamados lobos solitários.
O ataque à celebração da festa judaica de Hanukkah, na Praia de Bondi, é abjeto, condenável, monstruoso, indizível. Mas, também, reflete o antissemitismo, disseminado em resposta à política levada a cabo pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
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A história mostra que atentados terroristas de motivação religiosa islâmica têm sido relacionados à política expansionista e militar de Israel. Quem não se lembra, ou ao menos não leu sobre o atentado contra a delegação israelense durante os Jogos Olímpicos de Munique, em 5 de setembro de 1972, assumido pelo grupo Setembro Negro? Seis treinadores judeus e cinco atletas foram mortos.
Quem não acredita que o massacre de 7 de outubro de 2023 tenha sido uma resposta — ilógica, monstruosa e dantesca — a décadas de ocupação? O que esperar de uma guerra de dois anos que matou mais de 72 mil palestinos, feriu outras centenas de milhares e arrasou com cidades inteiras?
Nenhum atentado terrorista se justifica. O extremismo religioso e o antissemitismo talvez perderiam espaço se o Estado de Israel aceitasse a criação de um Estado palestino independente, soberano e autônomo, colocando fim a uma ocupação que somente semeou caos, destruição, mortes e ódio irracional. Até que esse cenário deixe de ser utópico, os países têm que investir pesado em ações de contraterrorismo e inteligência. Isso inclui o intercâmbio entre as agências especializadas de diferentes governos, com a troca de informações sobre complôs e potenciais jihadistas.
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A ideia é impedir que a fase conspiratória e preparatória do atentado aconteça, desmantelando células terroristas e investigando potenciais "lobos solitários", antes mesmo que promovam carnificinas. Vigilância metódica, precisa e constante. Precaução também é a regra para mitigar tragédias. Paris cancelou a festa de réveillon, ante o medo de uma repetição dos ataques de 13 de novembro de 2015. Atentados têm ocorrido com frequência nas tradicionais feiras natalinas na Europa, mais precisamente na Alemanha — principalmente com atropelamentos em massa. Dessa vez, uma atenção ainda maior das autoridades europeias mostra-se crucial. O cenário no Oriente Médio, infelizmente, tem fomentado um clima propício para o horror.
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