PARLAMENTO

PSL diz que irá expulsar deputado bolsonarista preso após ataques ao STF

Presidente da legenda, Luciano Bivar, afirmou que a executiva nacional "está tomando todas as medidas jurídicas cabíveis para o afastamento em definitivo" de Daniel Silveira dos quadros partidários

Sarah Teófilo
postado em 17/02/2021 10:45 / atualizado em 17/02/2021 11:40
 (crédito: Pablo Valadares/Camara dos Deputados)
(crédito: Pablo Valadares/Camara dos Deputados)

O presidente do PSL, deputado federal Luciano Bivar (PE), informou em nota que o partido está trabalhando para expulsar do partido o deputado bolsonarista Daniel Silveira (RJ), preso na última terça-feira (16) pela Polícia Federal após mandado expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O parlamentar foi preso depois de divulgar vídeo ofendendo e dizendo que imaginava os ministros da Corte sendo agredidos na rua.

Bivar afirmou que a legenda "repudia com veemência os ataques proferidos pelo deputado" aos ministros do Supremo, "ofendendo, de maneira vil, a honra dos mesmos, bem como proferindo criticas contundentes a instituição como um todo".

"Os ataques, especial da maneira como foram feitos, são inaceitáveis. Esta atitude não pode e jamais será confundida com liberdade de expressão, uma conquista tão duramente obtida pelos brasileiros e que deve estar no cerne de todo o debate nacional. O Supremo é o guardião da Constituição Federal e, como tal, um dos pilares do Estado Democrático de Direito. O PSL jamais abrirá mão de defender este alicerce institucional que integra, ao lado do Legislativo e do Executivo, a tríade de Poderes que assegura a existência da República", pontuou.

Em vídeo divulgado ainda na terça-feira, Silveira atacou ministros do Supremo, em especial o ministro Edson Fachin. “O que acontece Fachin, é que todo mundo está cansado dessa sua cara de filha da p*** que tu tem, essa cara de vagabundo. Várias e várias vezes já te imaginei levando uma surra, quantas vezes eu imaginei você e todos os integrantes dessa corte… Quantas vezes eu imaginei você na rua levando uma surra... Que que você vai falar? Que eu estou fomentando a violência ? Não... Eu só imaginei", afirmou.

O parlamentar é alvo de dois inquéritos no STF: um que investiga financiamento e organização de atos antidemocráticos e outro que apura informações falsas e ataques contra ministros. A prisão dele foi no âmbito deste último. Em junho do ano passado, ele já foi alvo de busca e apreensão no âmbito do inquérito que apura atos antidemocráticos e teve quebra de sigilo bancário decretada.

A gravação ocorreu após declarações do ministro Fachin, que disse ser “intolerável e inaceitável qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário”. Ele disse isso depois que foi divulgado trecho do livro "General Villas Bôas: conversa com o comandante", escrito pelo pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, Celso Castro.

Nele, o general afirmou que tuítes de 2018, feitos em seu perfil no Twitter no dia em que o Supremo analisou o pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula, foram discutidos com a cúpula do Exército e com integrantes do Alto Comando residentes em Brasília. Segundo ele, o texto divulgado no Twitter foi "um alerta, muito antes que uma ameaça".

Outras legendas também se manifestaram sobre os ataques do parlamentar, como o PSDB. O presidente nacional do partido, Bruno Araújo (PE), afirmou em nota que o vídeo divulgado por Silveira é "degradante, inconcebível e criminoso". "A imunidade de opinião no Parlamento é uma conquista da democracia, mas não pode ser confundida com uma licença para o crime e impunidade", afirmou.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), informou em seu perfil no Twitter que convocou uma reunião extraordinária da Mesa para as 13 horas e, em seguida, reunião com o colégio de líderes. "Vamos, em conjunto, avaliar e discutir a prisão do deputado Daniel Silveira".

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