CPI da Covid

Pazuello contradiz AGU sobre data que soube da crise de oxigênio em Manaus

Ex-ministro da Saúde afirmou que ficou sabendo da iminência de falta do insumo no dia 10 de janeiro, apesar de a AGU ter dito ao STF que a informação chegou no dia 8 daquele mês

Luiz Calcagno
Sarah Teófilo
postado em 19/05/2021 14:27
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse nesta quarta-feira (19/5) em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado, que soube da crise do oxigênio em Manaus no dia 10 de janeiro, diferentemente da informação repassada pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Conforme informado pela AGU, o Ministério da Saúde soube da crise no dia 8 de janeiro, seis dias antes do colapso que causou a morte de pessoas em unidades de Saúde por asfixia provocada por falta de oxigênio.

“Isso que causou toda essa confusão foi na leitura do e-mail que a White Martins mandou. Esse e-mail, também tenho, vou passar, foi mandado para a Secretaria do Estado do Amazonas”, afirmou. O ministro frisou que ficou sabendo da crise no dia 10 (de janeiro) à noite, durante uma reunião com o governador do Amazonas, (...), e com o secretário de Saúde. O senador Humberto Martins interveio para pontuar que no inquérito do Ministério Público Federal (MPF) há um ofício de uma empresa apontando que o Ministério da Saúde foi informado da iminência de falta de oxigênio no dia 8 de janeiro.

“Está equivocada essa resposta”, afirmou Pazuello. Em janeiro deste ano, a AGU informou ao STF no âmbito de uma ação movida pelo PT e PCdoB que o Ministério da Saúde foi informado sobre a “crítica situação do esvaziamento de estoque de oxigênio em Manaus” no dia 8, “por meio de e-mail enviado pela empresa”. “A partir do conhecimento dessa informação, houve alteração da programação da visita do secretariado do Ministério da Saúde a Manaus, que passou a envolver a inspeção das localidades de armazenamento e manejo de oxigênio hospitalar”, afirmou.

Pazuello afirmou que foi a Manaus devido à situação problemática, de aumento de casos, mas que ficou sabendo da crise do oxigênio somente no dia 10. “Vinha acompanhando a situação de Manaus e não havia a discussão ainda sobre oxigênio, mas havia curva de contaminação alta, colapso nos hospitais, e, na minha interpretação, precisava avançar para lá o meu gabinete, para tomar as decisões e ajudar a resolver o problema”, afirmou.

Segundo ele, na segunda-feira, dia 11 de janeiro, ele se reuniu de manhã com a empresa White Martins, que colocou estar com dificuldade de logísticas grandes. Naquele dia, ele afirmou que abriu um centro integrado de coordenação e controle com estado, município e as Forças Armadas e que, no dia 12, segundo ele, chegou a primeira aeronave levando oxigênio. Sobre isso, o general foi rebatido pelo senador Eduardo Braga, que afirmou que a quantia recebida naquela ocasião era “simbólica”, e que a quantidade significativa chegou somente no dia 20, doada pela Venezuela.

Justificativa

Pazuello foi, então, questionado sobre o motivo pelo qual não conversou com o Itamaraty sobre o avião que os Estados Unidos estavam oferecendo para buscar oxigênio na Venezuela. De acordo com ele, aceitou “todas as ofertas de oxigênio”. “Se não foram concretizadas, não posso dizer, porque não chegou”, afirmou. E completou: “O que eu me recordo do avião é que, para nós, seria excepcional ter um avião, dissemos que queremos. Eu não liguei para os EUA e nem fiz essa ligação”, afirmou.

O ex-ministro afirmou que no dia 8, apesar de não saber da crise, já tinha iniciado transporte de oxigênio a Manaus para atender demandas logísticas, ao ser questionado sobre um e-mail enviado pela White Martins pedindo apoio logístico.

Na época, vale lembrar, enquanto havia iminência da falta do insumo, Pazuello lançou um aplicativo que incentivava uso de cloroquina e medicamentos sem eficácia comprovada contra covid-19.



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