CONJUNTURA

Minirreforma ministerial esvazia pasta de Paulo Guedes

Sem entrar em detalhes, Guedes disse que o ministério vai passar por uma "reorganização interna"

Jorge Vasconcellos
postado em 22/07/2021 06:00
Guedes agora demonstra reconhecer, pelo menos publicamente, a necessidade de atrair mais aliados -
Guedes agora demonstra reconhecer, pelo menos publicamente, a necessidade de atrair mais aliados -

A minirreforma ministerial anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro representa uma tendência de esvaziamento do ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja “superpasta”, criada neste governo, pode ser desmembrada pela primeira vez. As discussões incluem a recriação do Ministério do Trabalho, que absorveria as atribuições da secretaria especial de Previdência e Trabalho, hoje pertencente à estrutura chefiada por Guedes e responsável pelas políticas federais de geração de emprego e renda. O nome cotado para ministro do Trabalho é o de Onyx Lorenzoni (DEM).

Guedes foi ouvido por Bolsonaro antes do anúncio da minirreforma. Diferentemente de ocasiões anteriores, quando ameaçou deixar o cargo caso perdesse espaço, ele, agora, demonstra reconhecer, pelo menos publicamente, a necessidade de atrair mais aliados, principalmente no Senado, onde o governo acumula uma série de desgastes com o avanço das investigações da CPI da Covid.

Sem entrar em detalhes, Guedes disse, ontem, em evento de apresentação dos dados da arrecadação federal em junho, que o ministério vai passar por uma “reorganização interna”, envolvendo a área de “emprego e renda”. “Tem novidade até na nossa organização estrutural, vamos fazer uma mudança organizacional aqui também, essas novidades são justamente na direção de emprego e renda”, declarou o titular da Economia, acrescentando que as mudanças serão para “acelerar o ritmo de criação de empregos”.

“Já estamos criando 1 milhão e 300 mil empregos (formais) nos primeiros meses deste ano e vamos acelerar o ritmo de criação de emprego, inclusive com uma reorganização nossa interna, são novidades que o presidente deve trazer rapidamente”, afirmou o ministro antes do anúncio da minirreforma.
Se as mudanças forem confirmadas, será o primeiro desmembramento na estrutura do Ministério da Economia, desenhada por Guedes com o objetivo de concentrar as decisões sobre política econômica em suas mãos. O “superministério” da Economia resulta da fusão das antigas pastas da Fazenda, do Planejamento, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e do Trabalho. O órgão também absorveu atribuições do Ministério da Previdência, que já tinha sido extinto em 2015.

A Economia abriga oito secretarias especiais. Uma delas é a secretaria especial de Previdência e Trabalho, comandada por Bruno Bianco Leal e que exerce as funções dos extintos Ministérios da Previdência e do Trabalho. Essa unidade havia sido chefiada por Rogério Marinho, que hoje é comanda a pasta do Desenvolvimento Regional.

Desde o início do governo, o secretário de Trabalho é Bruno Dalcolmo. Por sua vez, o secretário de Previdência é Narlon Gutierre, que assumiu a função depois que Leonardo Rolim foi transferido para a chefia do INSS. Todos os nomes foram avalizados por Guedes.

Mudanças

A secretaria especial de Previdência e Trabalho foi a responsável por uma série de mudanças promovidas nesses setores, como a reforma da Previdência, o contrato de trabalho Verde Amarelo (que foi extinto), a revisão das normas regulamentadoras do trabalho e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que permitiu a redução de jornada e salário e a suspensão do contrato de trabalho durante a pandemia.

Agora, a secretaria trabalha com o deputado Christino Áureo (PP-RJ) para lançar programas voltados para geração de emprego e qualificação profissional, especialmente para jovens e pessoas desempregadas acima de 55 anos.

O enfraquecimento de Guedes vem ocorrendo há um bom tempo, diante das promessas não cumpridas e das derrotas recentes da pasta no Congresso, como ocorreu na medida provisória da privatização da Eletrobras, que virou uma colônia de jabutis — emendas não relacionadas à proposta principal. Não à toa, o ministro tem mudado de comportamento nas reuniões com analistas, ouvindo mais do que fala, o que vem provocando surpresa dos interlocutores. (Colaborou Rosana Hessel)

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