PLANALTO

Bolsonaro recebe grupo de indígenas no Palácio do Planalto

Recepção ocorre após chefe do Executivo ter sido denunciado no Tribunal de Haia, na segunda-feira (9/8), por genocídio. Denúncia tem como base a morte de 1.162 indígenas de 163 povos durante a pandemia no Brasil

Ingrid Soares
postado em 12/08/2021 10:42 / atualizado em 12/08/2021 12:22
 (crédito: Reprodução / Facebook)
(crédito: Reprodução / Facebook)

O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta quinta-feira (12/8) um grupo de indígenas apoiadores do governo no Palácio do Planalto. Inicialmente, conversou com um líder Xavante, em seguida, desceu a rampa e cumprimentou do lado de fora do prédio outras lideranças indígenas, entre elas, Parecis, sem máscara, com apertos de mãos e selfies. O mandatário ainda foi presenteado com cocares e colares.

Estavam presentes o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), general Augusto Heleno, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e Nabhan Garcia, secretário especial de Assuntos Fundiários.

Bolsonaro estimulou que o grupo de indígenas fosse ao Congresso, pedir pelo PL 191/2020, pauta do governo que tramita na Casa e que regulamenta a exploração de terras indígenas. "O que vocês querem é o que eu quero também. O meu trabalho é ajudá-los a dar um norte para que vocês possam realmente produzir. O Brasil todo quer isso. O projeto que está no parlamento está na iminência de ser votado. A presença de vocês é muito boa hoje, vocês podem ir no parlamento também, tratar com outras lideranças. Eu tenho certeza de que o parlamento fará com que a vontade de vocês seja realmente alcançada para o bem do Brasil e de todos vocês", afirmou.

"Agradeço a confiança que vocês têm para comigo, bem como com Marcelo Xavier, presidente da Funai, que faz trabalho excepcional no meio de vocês. É a independência de vocês. É vocês fazerem dentro da terra de vocês o que o irmão fazendeiro faz na fazenda vizinha. É a liberdade. É a produção. Algumas etnias já fazem isso, mas a grande maioria ainda está presa a uma legislação, que deve ser mudada por interesse de vocês, que está dentro do parlamento. Eu só quero agradecer a presença de vocês, elogiá-los e dizer que o povo brasileiro todo está muito feliz com esse momento porque vocês querem trabalhar, produzir e ter dignidade. Querem plantar milho, arroz, feijão, explorar suas reservas e cada vez mais se integrar à sociedade", disse.

Ele relatou que o projeto ainda não foi aprovado por ter um forte lobby internacional por sua derrubada. "Eu espero que o parlamento aprove esse projeto e dê a tão sonhada liberdade aos nossos irmãos. Precisamos de cada vez mais produção. Alguns outros países são contra isso e vão nos atacar. A pressão de fora é muito grande, tem países que não compram o que os índios produzem".

Por fim, destacou que estaria disposto a trocar integrantes da Funai caso os indígenas indicassem.
"Se quiserem mudar alguém da Funai é só apresentar o nome que a gente muda", assegurou. Ao lado, Xavier rebateu: "Não sendo o meu está bom".

Denúncia por genocídio

A recepção do chefe do Executivo ocorre após a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) ter apresentado no Tribunal de Haia, na segunda-feira (9), uma denúncia contra o mandatário por genocídio. A denúncia tem como base a morte de 1.162 indígenas de 163 povos durante a pandemia da covid-19 no Brasil. Além disso, o documento aponta uma série de ações contra o meio ambiente promovidas pelo governo Bolsonaro, que levaram ao aumento do desmatamento e atividades ilegais em terras indígenas, e a não demarcação de terras indígenas durante sua gestão. A denúncia também acusa Bolsonaro de ecocídio, uma nova tipificação de crime contra o conjunto da humanidade.

Um dos caciques Xavante recebidos pelo mandatário defendeu que "o povo indígena quer desenvolvimento e produção" e pediu a regularização da atividade de mineração. "Queremos ser produtores, mostrar a nossa dignidade, a nossa honra, a nossa capacidade de ser índio, trabalhador. Queremos contribuir para o desenvolvimento do nosso país através da nossa terra, onde iremos produzir através das lavouras. Se tem mineração dentro das terras indígenas, por que o índio não pode explorar? Por que o índio não pode produzir esse minério, ouro abençoado que Deus deu para o povo indígena? Quero declarar para o nosso povo indígena, para o presidente da Funai, que estamos apoiando o nosso querido servo de Deus, irmão Bolsonaro", disse.

No último dia 4, o presidente disse que "grande parte dos indígenas não sabe nem o que é dinheiro". O mandatário emendou que "chega" de demarcação de terras indígenas e quilombolas e destacou que o governo está "libertando" os povos com projetos de produção. "Como é que pode 10 mil índios terem uma área equivalente a duas vezes o estado do Rio de Janeiro?", questionou na data. Bolsonaro também afirmou que o campo está "feliz com sua gestão".

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