ASSEMBLEIA-GERAL DA ONU

Renan chama fala de Bolsonaro na ONU de "exumação da insignificância"

Relator da CPI da Covid diz que discurso do presidente na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (21/9) é recheado de mentiras, como, por exemplo, a de que não existe corrupção no governo

Jorge Vasconcellos
postado em 21/09/2021 13:47 / atualizado em 21/09/2021 13:48
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado )
(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado )

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), leu uma nota, nesta terça-feira (21/9), com duras críticas ao discurso feito pelo presidente Jair Bolsonaro na abertura da 76ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O parlamentar disse que a fala do chefe do governo é mentirosa e representa "a exumação da insignificância".

Uma das mentiras do presidente, segundo Renan, é a de que não existe corrupção no governo. O relator citou o contrato de compra, pelo Ministério da Saúde, de 20 milhões de doses da vacina contra a covid-19 Covaxin, produzida na Índia, ao preço de R$ 1,6 bilhão. O contrato foi suspenso pelo Ministério da Saúde por suspeitas de irregularidades. Segundo Calheiros, o telefonema dado por Bolsonaro ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em favor da Precisa Medicamentos — empresa que intermediou o contrato — deixa claro "as digitais" do presidente no caso.

A seguir, a íntegra da nota do senador Renan Calheiros:

Hoje nós tivemos a vergonha, nós verificamos na prática, que a vergonha definitiva desconhece limites. Os vexames, na ONU, do presidente da República vão desde vaias, puxadinhos, proibição de acesso por falta de vacinação, advertências públicas do prefeito de Nova York e a negação universal das vacinas, diante do primeiro-ministro do Reino Unido. O discurso, lamentavelmente, pífio do presidente na Assembleia mostra ao mundo a República do cercadinho, uma vergonha para todos os brasileiros. A exumação da insignificância.

Único líder do G-20 não vacinado, Bolsonaro repetiu seu papel de figura rudimentar, anacrônica e transitória e propagador de mentiras. O seu discurso foi uma mentira só, do início ao fim. O Brasil perdeu a credibilidade internacional, a corrupção negada por ele na ONU foi comprovada em várias oportunidades aqui nesta Comissão Parlamentar de Inquérito. Como propinas, e quando se falava em propinas, se falava em propina de um dólar por dose da Covaxin, imunizante superfaturado, nunca entregue, com pressões políticas inaceitáveis, pedidos de pagamento antecipado em paraísos fiscais, até com documento falso, denunciado pela própria Bharat Biotech. O próprio Bolsonaro, que desprezou 170 milhões de doses (de vacinas) da Pfizer e do Butantã, pediu ao primeiro-ministro indiano pela Covaxin. E isso deixa, claramente, as suas digitais.

Diante de mais de vinte irregularidades reveladas por esta CPI, o governo foi, ao final, não queria, coagido a recindir o contrato. E, na contramão do mundo, da ciência, pregou para todo o mundo o tratamento precoce, responsável por muitas mortes no Brasil. Bolsonaro também mentiu sobre a participação de milhões de na manifestação de 7 de setembro. Não foram mais do que 30 mil pessoas, e, hoje, nós sabemos a que custo. O golpista do cercadinho repetiu seu negacionismo e sua limitação cognitiva para todo o mundo. A frieza nas reações (na ONU), após dez minutos de fake news sobre o Brasil, foi eloquente sobre sua irrelevância.

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