STF

Bolsonaro: indicação de Mendonça ao STF é um "problema sério"

Ele apontou ainda que recebe "recado" de interessados na indicação da cadeira ao Supremo e que oferecem em troca favores ao governo como a "resolução da CPI da covid"

Ingrid Soares
postado em 08/10/2021 20:21
 (crédito: Sergio Lima/AFP)
(crédito: Sergio Lima/AFP)

Nesta sexta-feira (8/10), Bolsonaro afirmou que a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF) é um "problema sério". Isso porque, segundo ele, "tem corrente" que não quer o ex-AGU no cargo. O presidente apontou que recebe "recado" de interessados na indicação da cadeira da Corte e que oferecem, em troca, favores ao governo, como a "resolução da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid". As declarações ocorreram durante a 1ª Feira Brasileira de Nióbio, em Campinas, onde o chefe do Executivo também passará o feriado prolongado.

"Temos um problema sério pela frente, que indiquei um excepcional jurista, que é evangélico também, para o Supremo, e tem corrente que não quer lá, quer impor, e chega recado: ‘A gente resolve CPI, a gente resolve tudo, me dê a vaga do Supremo’. Isso sempre houve, nós começamos a mudar", alegou.

Ele lembrou que o presidente que se eleger em 2023, poderá indicar mais dois nomes ao STF. "Quem se eleger em 22, em 23 indica mais duas para o Supremo Tribunal Federal. As coisas mudam, muda o ministro, muda deputados, senadores, mudam presidentes, é a rotatividade, é a renovação. Ano que vem tem eleições, vamos prestigiar quem fez bom trabalho e renovar", defendeu.

O presidente também reclamou de desgaste do governo pela CPI. "Mais difícil é se manter no poder. É o tempo todo desgaste, uma CPI que é um circo. Tentam nos acusar do que nós não fizemos. Não gastei um centavo com a vacina Covaxin, como é que posso ser corrupto?", questionou.

Ontem, em um café da manhã com a bancada da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), o chefe do Executivo comentou sobre a indicação ao cargo de ministro do Supremo. Ele já indicou com sucesso o nome de Kássio Nunes para a Corte e, agora, o do ex-advogado-geral da União, André Mendonça, em julho que, desde então, vem enfrentando resistência no Senado e não teve ainda a data de sua sabatina marcada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida por Davi Alcolumbre. Bolsonaro emendou que, caso reeleito, terá direito a escolher mais dois nomes e que o eleito precisa, de preferência, ser alinhado com seu governo.

"Quem se eleger presidente no ano que vem, no primeiro semestre do ano que vem, indica mais dois ministros do STF. Se for alinhado conosco ficam 4 garantidos lá dentro. Além de outros que votam com a gente. Não é que votam com a gente, votam com as pautas que têm que ser votadas do nosso lado”, afirmou. Segundo ele, isso é primordial. "Ninguém está pedindo voto, nem se lançando candidato. Mas uma pessoa alinhada a nós tem que estar sentada naquela cadeira a partir de 2023".

Bolsonaro defendeu ainda que o ex-AGU, caso aprovado, votaria pela manutenção da demarcação territorial de 1988 hoje vigente e em discussão na Corte. "Essas pautas da agroindústria… o marco temporal… O André Mendonça, uma vez aprovado pelo Senado, vai na mesma linha".

Na terça-feira (5), em evento evangélico no Simpósio Cidadania Cristã, o chefe do Executivo ouviu de pastores a defesa da indicação de André Mendonça para ministro do Supremo, mas alegou que a aprovação do ex-AGU depende do Senado.Mendonça também discursou no evento. Ele pediu aos presentes que "trabalhem por um país diferente" e alegou que a indicação ao posto é obra divina.

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