Greve Caminhoneiros

Greve dos caminhoneiros: categoria se sente traída por Bolsonaro, diz deputado

Nereu Crispim (PSL-RS) afirma que o presidente não cumpriu promessas que fez aos trabalhadores. Classe iniciou paralisação nesta segunda-feira (1/11)

Luana Patriolino
Raphael Felice
postado em 01/11/2021 18:23
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

O presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas no Congresso, deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS), criticou a postura do governo federal em não dialogar com a categoria. A greve de transportadores rodoviários e motoristas autônomos começou nesta segunda-feira (1/11). Apesar da baixa adesão, lideranças afirmam que a paralisação segue.

Ao Correio, Crispim, que é ex-caminhoneiro e participou ativamente do movimento de 2018, afirmou que a categoria se sente traída pelo chefe do Executivo, que não teria cumprido as promessas que fez durante a campanha presidencial. “Bolsonaro era candidato à Presidência e gravou um vídeo de apoio sendo solidário àquela greve, falando que ia apoiar a pauta do caminhoneiro. Ele falou inclusive da política de preços da Petrobras e exatamente de todos esses problemas que temos agora”, disse o parlamentar.

O político ainda declarou que os caminhoneiros não conseguem dialogar com o governo. À época do movimento de 2018, Bolsonaro, que atuava como deputado federal, gravou um vídeo de apoio aos grevistas. Na última semana, os bolsonaristas voltaram a espalhar o material, como se o presidente estivesse do lado dos caminhoneiros neste novo ato.

Nereu Crispim ressalta que a categoria se sente abandonada e critica o auxílio de R$ 400 oferecido à classe. “Esses R$ 400 reais que o presidente lançou como ajuda pegou muito mal na categoria. Soou como esmola. Fica mais uma parte da população brasileira que vai ter que viver para o assistencialismo eleitoreiro político”, disse.

O parlamentar também fez críticas ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Segundo ele, falta apoio do titular da pasta, que vem travando as demandas da categoria. “Ele é considerado um ‘enrolão’. Só empurrou com a barriga os problemas e não resolveu nada”, declarou.

O Correio entrou em contato com Ministério da Infraestrutura para questionar a falta de diálogo com a classe. O órgão se limitou a responder apenas com o balanço da greve, que não teve nenhum registro de ocorrência de bloqueio parcial ou total em rodovias federais ou pontos logísticos estratégicos.

Reivindicações

A classe pede a mudança da política de preços da Petrobras; o piso mínimo do frete; o retorno da aposentadoria especial com 25 anos de contribuição; e, claro, a redução do preço do diesel.

O advogado trabalhista Marcelo Dias afirma que, mesmo sendo autônomos, os caminhoneiros têm o direito de se manifestar garantido por lei. "Trata-se de uma classe de trabalhadores que, embora a legislação trabalhista ainda não contemple como sujeita de direito na plenitude, é acolhida pelo direito civil como prestadora de serviços, portanto, possuem legitimidade para reivindicar direitos como qualquer outra classe", ressalta.

Em 2021, o diesel já acumula alta de 65,3% nas refinarias, e a gasolina subiu 73,4% no mesmo período. “Como o diesel é um item básico seu aumento de preço impacta o conjunto da economia pressionando a alta da inflação”, explica Vinícius do Carmo, economista pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "O desejo do mercado é que a Petrobrás continue operando atrás de uma orientação empresarial. O governo pode intervir nos preços através de um fundo estabilizador, por exemplo", aponta.

As principais entidades à frente das paralisações continuam com a programação. São elas: a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam).

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