ENEM

Bolsonaro diz que se pudesse interferir no Enem, tema da redação seria "mais tranquilo"

"Pouca gente ia saber o que é invisível, né. Invisível é o pessoal que foi obrigado a ficar em casa e não tinha ganhos", disse em referência ao assunto da prova que tratou sobre 'invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil'.

Ingrid Soares
postado em 24/11/2021 23:01
 (crédito: Evaristo Sá/AFP)
(crédito: Evaristo Sá/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quarta-feira (24/11) que se pudesse interferir na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o tema da redação seria "mais tranquilo". A declaração ocorreu durante entrevista gravada ao ISTV.

"Melhorou. Não é o que eu queria ainda, né. Acusaram a mim e ao ministro Milton de ter interferido no Enem. Se eu pudesse interferir, não teria questão ideologizada ali. Pode ter certeza que não ia ter. E o tema da redação seria mais tranquilo. Pouca gente ia saber o que é invisível, né. Invisível é o pessoal que foi obrigado a ficar em casa e não tinha ganhos. Então fomos obrigados a pegar provas de um banco que o percentual é modificado ano após ano", alegou. O assunto do exame deste ano tratou sobre 'invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil'.

O chefe do Executivo usou de ironia, repetiu que gostaria de "mexer" nas questões, negou Golpe militar em 64 e disse que é preciso "começar a mostrar a história verdadeira".

"Até me acusaram de querer fazer perguntas sobre ditadura militar. Eu queria, sim, se eu pudesse interferir, eu ia falar: Faz uma pergunta aí: “Quem foi o primeiro general ditador do Brasil?”. “Foi Castelo Branco”. Todo mundo concorda, tá ok? “Ditador”. O pessoal fala, tá na moda. “Que dia ele assumiu?” Se eu botasse 31 de março... Para você em casa quando Castelo Branco assumiu? Em março? 1 de abril, 2 de abril de 64 ou 15 de abril de 64? Eu tenho certeza que 95% no mínimo ia errar. Castelo Branco assumiu 15 de abril depois que o Congresso votou o nome dele a luz da Constituição de 47. Está tudo nos conformes", disse.

"Quem cassou João Goulart foi o parlamento brasileiro, não foi um militar. Porque golpe é meter o pé na porta, prende o cara, mata, extradita. Nada disso aconteceu. Então é a gente começar a mostrar a história, a verdadeira. Mostrar para o povo como é que começou a história. Teve coisa errada? Teve. Até nós cometemos erro em casa por que que um governo não pode cometer um erro?", completou.

Mais cedo, em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente teceu fala semelhante e afirmou que quer “começar a história do zero” nas escolas ao relembrar a ditadura militar.

"Acusaram a mim e ao ministro (da Educação, Milton Ribeiro) de interferir no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Se eu pudesse interferir, pode ter certeza que a prova estaria marcada para sempre. Teriam questões objetivas de fato. Saiu na imprensa que eu queria questão de ditadura militar. Não vou discutir sobre ditadura militar, mas colocaria, sim, uma questão se pudesse: 'Quem foi o primeiro general a assumir em 1964?' Foi Castelo Branco. 'Em que data?' Eu duvido que a impressa ia acertar. Eu acho que o pessoal da imprensa ia errar, acho não, tenho certeza. O que eu quero com isso não é discutir o período militar, é começar a história do zero”, disse.

 

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