DESINFORMAÇÃO

PF afirma que Bolsonaro promoveu desinformação ao atacar urnas sem provas

Em live, presidente afirmou que as eleições de 2018 foram fraudadas, mas assumiu que não tinha como provar. Documento da Polícia Federal afirmou que envolvidos atuam "com dolo, consciência e livre vontade"

Luana Patriolino
postado em 16/12/2021 22:03 / atualizado em 16/12/2021 22:03
 (crédito: Alan Santos/PR)
(crédito: Alan Santos/PR)

A Polícia Federal concluiu que o presidente Jair Bolsonaro (PL) promoveu desinformação em uma live ocorrida em julho de 2021 na qual fez ataques às urnas eletrônicas. Um relatório da PF aponta que o processo de preparação da transmissão foi "enviesado", por reunir informações que indicassem para vulnerabilidade ou supostas fraudes, ignorando os dados que mostravam o oposto. No vídeo, o próprio Bolsonaro reconheceu que não tinha provas, mas continuou disseminando fake news.

"Este inquérito permitiu identificar a atuação direta e relevante do Exmo. Sr. Presidente da República Jair Messias Bolsonaro na promoção da ação de desinformação, aderindo a um padrão de atuação já empregado por integrantes de governos de outros países", diz trecho do documento assinado pela delegada federal Denisse Dias Rosa Ribeiro.

A Polícia Federal é enfática e afirma que as pessoas envolvidas na live atuam, "com dolo, consciência e livre vontade, na produção e divulgação, por diversos meios, de narrativas sabidamente não verídicas ou sem qualquer lastro concreto, com o propósito de promover mais adesão de apoiadores e outros difusores aos interesses dessa organização", diz.

Para montar o relatório, foram ouvidas várias pessoas, como o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que participou da transmissão com Bolsonaro. Para a PF, “restou caracterizado pelas narrativas das pessoas envolvidas que a chamada live presidencial foi um evento previamente estruturado com o escopo de defender uma teoria conspiratória que os participantes já sabiam inconsistente, seja pelos alertas lançados pelos peritos criminais federais, seja porque a mesma fonte que forneceu o suporte (pesquisas na internet) também fornece dados que se contrapõem às conclusões alcançadas", destaca um trecho do relatório.

Ataques

Em julho, o presidente Jair Bolsonaro prometeu aos seguidores apresentar provas de que as eleições de 2018 foram fraudadas. Contudo, durante o evento, ele comentou que “não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”. Exibiu o que chamou de indícios com pouca comprovação de veracidade, e usou o espaço para levantar dúvidas sobre o atual sistema de votação brasileiro.

 

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