ELEIÇÕES

Bolsonaro acena ao agronegócio e celebra redução em 80% das multas no campo

Líder do Planalto alegou ainda, em evento, que durante a gestão dele "a ação do MST foi praticamente anulada"

Ingrid Soares
postado em 17/01/2022 18:39 / atualizado em 17/01/2022 20:11
 (crédito: Reprodução / Banco do Brasil)
(crédito: Reprodução / Banco do Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro participou nesta segunda-feira (17/1) do lançamento do Circuito Agro — Etapa 2022 — Carreta Agro BB. Durante discurso, o chefe do Executivo acenou ao agronegócio, uma das alas que representaram apoio importante para sua eleição em 2018. Ele apontou que o setor é a "locomotiva da economia" e alegou que, em seu governo, "a ação do MST foi praticamente anulada", e comemorou a redução das multas no campo em 80%. O evento foi transmitido simultaneamente em Londrina, no Paraná.

"Tínhamos algumas dificuldades no passado. Por exemplo, a atuação do MST. Nós praticamente anulamos ação do MST tirando dinheiro público que ia para ONGs que financiavam o MST. Ao longo de três anos, distribuímos mais títulos do que em 20 anos de governos anteriores. Tiramos, então, a força do MST através do uso daqueles que estavam numa reforma agrária que nunca saía".

No último dia 14, Bolsonaro se dirigiu ao MST afirmando que, caso o excludente de ilicitude seja aprovado pelo Congresso, não mais invadirão terras. Na prática, o excludente de ilicitude é uma espécie de salvaguarda jurídica para policiais que, porventura, matarem em serviço. A questão já foi debatida e rejeitada na Câmara dos Deputados em 2019. "Se um dia eu tiver no Congresso Nacional uma exclusão de ilicitude, pode ter certeza, aproveite para invadir agora porque no futuro não invadirão", bradou na data.

Bolsonaro também falou sobre a liberação de armas de fogo ao homem do campo e disse que o artefato é "sinônimo de liberdade".

"Quando se fala em arma de fogo, a arma é um sinônimo de liberdade. Um homem armado, jamais será escravizado. Nós estendemos a posse de arma de fogo, que passou a ser porte estendido, com o apoio do Congresso. O homem do campo passou a poder usar arma não apenas na propriedade física onde habitava, mas em toda sua propriedade. Isso levou mais tranquilidade para vocês", completou.

O presidente ainda elogiou o trabalho da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a qual caracterizou como sendo "uma pessoa fantástica que encarna realmente todo o sentimento do homem do campo" e lembrou o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O líder do Planalto alegou também que, em sua gestão, os agricultores tiveram a aplicação de multas reduzidas em mais de 80%.

"Paramos de ter grandes problemas com a questão ambiental, em especial, no tocante à multa. Tem que existir? Tem. Mas conversamos e reduzimos em mais de 80% as multagens no campo. Obviamente, quem vai fazer uma inspeção ou dar uma incerta no campo, tudo bem. É um direito. Apurar uma denúncia. Mas, num primeiro momento, é advertir e dialogar, e, no segundo momento, a multagem. Isso ajudou, e muito, também, a questão do campo", emendou.

Marco temporal

Por fim, Bolsonaro criticou a discussão do novo marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF), repetindo que, caso a medida seja aprovada, "se tiraria do mapa do agro outra área do tamanho do estado de São Paulo", o que inviabilizaria as atividades.

"Eu, muitas vezes, me colocava no lugar dos senhores quando era deputado e via o suplício, a grande preocupação e aquele balde de água gelada logo cedo, quando se tinha notícia de que a terra dos senhores ia ser demarcada como terra indígena, com critérios, não sabemos quais critérios usavam naquele momento. Nós mudamos completamente isso aí. Não tivemos uma só demarcação de terra indígena no Brasil. Afinal de contas, já temos 14% do nosso território demarcado, equivale a uma área do tamanho da região Sudeste".

"Trabalhamos também contra um possível novo marco temporal junto ao STF. O placar está empatado: um a um. Mas se esse novo marco, porventura vier a ser aprovado, por força de lei, com toda certeza, teremos ou teríamos, por força de lei, novas áreas equivalente a região Sul. Pela localização geográfica dessa novas terras, se tiraria do mapa do agro outra área do tamanho do estado de São Paulo. Temos preocupações então. Estamos resolvendo problemas passados e nos antecipamos a problemas futuros", justificou.

Em dezembro, ele afirmou que o ministro André Mendonça votará "do lado do governo" contra a tese do marco temporal na demarcação de terras indígenas. O chefe do Executivo disse que não se trata de tráfego de influência, mas sobre conhecer a índole do ex-advogado geral da União.

Pandemia

Ainda durante as declarações no evento de hoje, o presidente agradeceu aos agricultores e elogiou o trabalho em meio à pandemia.

"Vocês realmente foram fantásticos por ocasião da pandemia. Trabalharam. Se não trabalhassem, os problemas econômicos que o Brasil viria a enfrentar seriam terríveis. Obviamente, desafiando o vírus. Eu, como presidente, sempre falei como devíamos tratar esse assunto".

Por fim, afirmou que o governo fez sua parte ao comprar 400 milhões de doses de vacina contra a covid-19.

"O governo distribuiu 400 milhões de doses pelo Brasil. Quem quis se vacinar, se vacinou. O governo federal fez a sua parte. Os senhores trabalharam com muito destemor, fato que nos orgulha não só na questão econômica bem como na questão da nossa segurança alimentar", concluiu, entrando em uma das carretas adaptadas como agência móvel que percorrerão cidades fomentando o setor.

Também estiveram presentes na solenidade o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), o ministro do Gabinete Institucional de Segurança (GSI), general Augusto Heleno, o ministro da Economia, Paulo Guedes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro.

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