eleições

PP desfaz parceria de 14 anos com o PT na Bahia

O desembarque do governo Rui Costa foi definido em reuniões com deputados federais

Correio Braziliense
postado em 15/03/2022 06:00
Nos bastidores, comenta-se que traição a Leão foi para não deixar PP, que apoia o presidente Bolsonaro, com a chave do cofre -  (crédito: Mateus Pereira/GovBA     )
Nos bastidores, comenta-se que traição a Leão foi para não deixar PP, que apoia o presidente Bolsonaro, com a chave do cofre - (crédito: Mateus Pereira/GovBA )

O PP decidiu desembarcar da gestão do governador Rui Costa (PT) na Bahia. Vice-governador do estado, João Leão entregou, ontem, uma carta ao petista na qual pede exoneração do comando da Secretaria de Planejamento (Seplan). Outros secretários do partido devem fazer o mesmo, e a sigla vai traçar um cronograma para entrega de cargos no segundo e terceiro escalões.

A tendência é Leão selar aliança com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil). O vice-governador deve ser candidato ao Senado na chapa de ACM Neto, que fez o convite a ele na semana passada. Com a saída do PP do governo baiano, chega ao fim uma parceria de 14 anos do partido com o PT — cuja base perdeu quatro deputados federais (Cláudio Cajado, Cacá Leão, Ronaldo Carletto e Mário Negromonte Junior) e oito estaduais (Nelson Leal, Eduardo Salles, Antônio Henrique Jr, Robinho, Luiz Augusto, Niltinho, Aderbal Caldas e Dal).

“Após amplo debate e consultas às lideranças progressistas, decidimos, por unanimidade, nos afastar da aliança atual e buscar outros caminhos onde possamos continuar trabalhando pelo povo baiano (...). Quero ressaltar que nos 14 anos de aliança com os governos do PT, jamais faltou da nossa parte lealdade, dedicação, apoio parlamentar e espírito público”, disse Leão, em nota que justificou o rompimento.

O desembarque do governo Rui Costa foi definido em reuniões com deputados federais e estaduais, que deram apoio ao rompimento. Presidente nacional licenciado do PP, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, também foi um dos principais incentivadores da saída do partido da base petista.

Desistência

O rompimento ganhou forma quando o senador Jaques Wagner (PT-BA) desistiu de concorrer ao governo. Com isso, um novo arranjo foi desenhado, com o senador Otto Alencar (PSD-BA) como pré-candidato ao governo, e Costa entraria na disputa pelo Senado. O governador, então, deixaria o governo, em abril, para Leão tocar a atual gestão até o final.

O arranjo começou a ruir, porém, quando Otto decidiu não ser candidato a governador e o PT optou por lançar a pré-candidatura do secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues, ao governo. Nesse cenário, Costa ficará no mandato até o fim e Leão perde a chance de comandar o estado. A decisão do PP foi encarada como descumprimento de acordo e desrespeito dos petistas ao partido.

Nos bastidores, setores do PT viam com receio a possibilidade de Leão assumir o Executivo. Base do governo de Jair Bolsonaro, a sigla teria a chave do cofre do quarto maior colégio eleitoral do país nas mãos, em plena campanha de reeleição do presidente da República. A desconfiança intensificou as pressões internas do PT por candidatura própria na Bahia.

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