DESAPARECIMENTO

Joenia Wapichana rebate falas de Bolsonaro sobre desaparecimentos no Amazonas

Ao prestar solidariedade em evento simbólico realizado por servidores da Funai, Joenia Wapichana, lembrou que a proteção na região amazônica onde aconteceu o desaparecimento precisa ser permanente e não é um favor do Estado

Tainá Andrade
postado em 08/06/2022 00:45
 (crédito: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)
(crédito: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

A primeira deputada federal indígena eleita para a Câmara dos Deputados, Joenia Wapichana (Rede-RR), compareceu ao evento de vigília permanente, organizado pelos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e membros da Associação de Indigenistas Associados (INA). Nesta terça-feira (7/6), os colegas de trabalho do indigenista desaparecido, Bruno Araújo, foram em frente a sede da Funai, em Brasília, para chamar a atenção para o desaparecimento, que já dura mais de 48 horas. Joenia compareceu para mostrar que se solidariza com a situação.

“Essa é uma luta que é nossa, da Frente [Parlamentar Indígena]. Independente de ser indígena ou não, é uma vida que importa, que está aí à mercê de um perigo e que vai continuar se a gente não fizer nada. Então, tem que reforçar toda a proteção, fiscalização, segurança, por mais que a gente saiba de notícias que estão colocando em vulnerabilidade, é preciso reverter”, declarou para uma plateia de pessoas que empunhavam banners com as imagens do indigenista e do jornalista inglês, Dom Philips, também desaparecido. Eles gritavam a frase “Bruno vive” .

Sem citar nomes, a deputada comentou a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre o caso. “O servidor estava em sua função, vamos continuar insistindo para que todas as providências sejam tomadas. Não pode ficar dessa forma, banalizada, não é uma pessoa que foi fazer aventura nenhuma. Quem fala isso é quem não tem sentimento, nem responsabilidade, nem sensibilidade com o nosso país”, criticou.

“Por mais que se negue a situação, de fato, é preciso reconhecer que aquela área [Vale do Javari], assim como outras da Amazônia precisam de proteção territorial. Essa é uma obrigação do Estado. Não é um favor, nem tem que ser esporádico, não tem que ser provisório, tem que ser permanente”, enfatizou.

A operação de buscas começou na segunda-feira (6/6), após o acionamento feito pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). A coordenação ficou com a Marinha do Brasil, por meio do Comando de Operações Navais. Mas a mobilização também inclui a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF), o Exército, as polícias Civil e Militar amazonenses. Ainda estão junto a Força Nacional de Segurança Pública e a Funai - que tem atuado com a própria equipe de vigilância treinada por Bruno.

No entanto, a operação tem recebido muitas críticas pela falta de celeridade e de informações detalhadas, principalmente às famílias. Durante o dia de hoje, os órgãos envolvidos têm soltado notas oficiais assegurando que tem ocorrido o incremento de equipamentos na missão de busca.

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