Eleições

Lula vai ao RJ em meio a impasse com PSB pela candidatura ao Senado

Enquanto o PT apoia André Ceciliano, presidente da Alerj, o PSB defende a candidatura do deputado Alessandro Molon. Até o momento, não há perspectiva de acordo

Victor Correia
postado em 05/07/2022 19:14 / atualizado em 05/07/2022 19:15
 (crédito: RAFAELA ARAUJO / AFP, Vinicius Cardoso/Esp. CB/D.A Press e Rafael Wallace/Divulgação Alerj)
(crédito: RAFAELA ARAUJO / AFP, Vinicius Cardoso/Esp. CB/D.A Press e Rafael Wallace/Divulgação Alerj)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia na quarta-feira (6/7) uma visita ao Rio de Janeiro em meio a um impasse envolvendo o palanque carioca. O PT insiste na candidatura ao Senado do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual André Ceciliano (PT). Porém, o PSB de Geraldo Alckmin, vice de Lula na chapa presidencial, insiste em indicar o deputado federal Alessandro Molon (PSB) ao cargo. 

Na quinta-feira (7/6) está previsto um ato público na praça Cinelândia, na região central do Rio. Por causa do imbróglio, a campanha de Lula chegou a cogitar cancelar o evento. O ex-presidente, porém, bateu o martelo e firmou a realização do ato, onde deve declarar apoio à candidatura de Ceciliano.

A visita de Lula ao estado pode desatar o nó. Nas viagens que fez até agora, como em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, o ex-presidente participou diretamente das negociações locais. Porém, fontes próximas a Molon disseram ao Correio que não há nada marcado até o momento, nem a expectativa de um encontro.

Na véspera da passagem da campanha pelo Rio, a disputa entre os partidos acirrou. Pelas redes sociais, Ceciliano falou nesta terça-feira (5/7) que “o PT sabe que pode contar comigo. Nos momentos mais difíceis, não sai do partido. Enquanto alguns abandonaram, eu fiquei e fui candidato a prefeito. Nunca tive vergonha do PT”. A alfinetada visa Molon, que deixou o partido em 2015 após escândalos de corrupção à época.

Por sua vez, Molon afirmou que “o entendimento do PSB-RJ continua sendo, prioritariamente, o de derrotar o bolsonarismo no Rio. Essa decisão [foi] tomada, por unanimidade, na convenção do partido, em 18 de dezembro, quando foram aprovados o meu nome e o de [Marcelo] Freixo como pré-candidatos ao Senado e ao governo”.

Acordo negado entre as legendas

Segundo membros do PT, Molon fez um acordo ainda no ano passado para deixar de concorrer ao Senado em troca do apoio do PT ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB) como candidato ao governo do Rio de Janeiro. Segundo o entorno de Molon, porém, o que houve foi apenas um entendimento de ajuda mútua, e o deputado nunca se propôs a deixar de lado a candidatura.

Além disso, o argumento principal em defesa do pessebista é que ele é o mais próximo nas pesquisas eleitorais do senador Romário (PL-RJ), que lidera nas intenções de voto. Segundo pesquisa Real Time Big Data divulgada em 29 de junho, Romário tinha 19% das intenções de voto, seguido por Molon com 14%. Já Ceciliano aparece bem atrás, com 4%. No entanto, o PT continua a acreditar que Ceciliano tem condições de ganhar o pleito devido, principalmente, ao apoio declarado de Lula.

A surpresa de Molon, no entanto, veio após declaração de Marcelo Freixo, companheiro de partido. Freixo declarou apoio a Ceciliano, e cobrou que Molon cumpra o acordo com o PT. Em entrevista ao jornal O Globo, Molon disse que já visava o Senado antes de Freixo entrar no PSB. “Ele foi recebido de braços abertos. Sinceramente, eu não esperava que tomasse essa atitude”, disse.

A situação pode mudar com a visita de Lula nos próximos dois dias. Porém, até o momento, nenhum dos lados parece disposto a ceder. O PT insiste em Ceciliano, uma vez que o PSB já tem o postulante ao governo estadual — Marcelo Freixo. Embora exista pressão por parte de petistas, que ameaçam até retirar o apoio a Freixo, membros ligados ao diretório carioca da legenda defendem que não há essa possibilidade. Caso não haja acordo — em breve, visto que falta pouco mais de duas semanas para as convenções partidárias — Lula pode ter dois candidatos ao Senado no Rio de Janeiro, possibilidade que não é bem recebida pelo PT.

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