ELEIÇÕES 2022

Adesão à Carta em Defesa da Democracia supera 100 mil assinaturas

Em 24 horas, a Carta em Defesa da Democracia, lançada pela Faculdade de Direito da USP, recebe apoio massivo da sociedade civil. Texto tem como signatários, também, banqueiros, juristas, artistas e empresários

Rosana Hessel
postado em 28/07/2022 06:00
 (crédito: Cecília Bastos/USP Imagens)
(crédito: Cecília Bastos/USP Imagens)

A carta em defesa da democracia, lançada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), está mobilizando a sociedade civil. Inicialmente, o texto tinha três mil assinaturas, entre empresários, juristas, economistas e personalidades e, em apenas 24 horas, saltou para mais de 100 mil.

O documento é uma reação aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral brasileiro — pelo qual ele foi eleito nas últimas três décadas, sem contestações — e está aberto para o recebimento de novas assinaturas no site da tradicional faculdade paulista.

"A lista está cheia de pessoas que votaram em Bolsonaro em 2018", destacou o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e um dos conselheiros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Belluzzo disse que contribuiu com a elaboração da primeira carta aos brasileiros — em 1977, também na USP, contra a ditadura militar —, ao lado do ex-presidente do Congresso Ulysses Guimarães, uma das figuras mais importantes do movimento Diretas Já. "Fui convidado para participar pelo Ulysses e dei umas contribuições para a formatação do texto, mas não me lembro por que não assinei. Acho que eram só os acadêmicos", disse.

O professor da Unicamp informou, ainda, que, desta vez, aceitou o convite para assinar a carta logo que tomou conhecimento do documento. "É preciso que a sociedade reaja em defesa do sistema democrático de direito. E essa movimentação está engrossando, o que é bastante positivo, porque, além das personalidades, é possível ver que existe um grupo de pessoas que estão preocupadas com a normalização desses ataques", afirmou. "Essa carta me lembra o movimento pelas Diretas Já e estou até escrevendo um artigo sobre isso", emendou. Ele disse que tem conversado pouco com Lula ultimamente. "Ele está viajando muito em campanha", acrescentou.

Além de Belluzzo, importantes economistas que atuaram no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda; Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central; Elena Landau, ex-diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) integram a lista de signatários do manifesto.

Ministros aposentados

Na lista de assinaturas destacam-se empresários e banqueiros, como Roberto Setúbal e Pedro Moreira Salles (Itaú Unibanco) e Guilherme Leal (Natura); cineastas como Fernando Meirelles e Jorge Furtado; e ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal (STF), como Carlos Ayres Britto, Carlos Velloso, Celso de Mello, Ellen Gracie, Eros Grau, Marco Aurélio Mello e Sepúlveda Pertence.

A carta reforçou que "as nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo". "Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral", ressaltou o texto.

De acordo com o manifesto, é preciso que os brasileiros fiquem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições. "No Brasil atual, não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa, necessariamente, pelo respeito ao resultado das eleições", concluiu.

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