Carta pela Democracia

Bolsonaro: "Quem é democrata não tem que assinar cartinha, não"

O presidente Bolsonaro afirmou ainda que não assinará o documento e acenou aos banqueiros eleitoralmente ao dizer que "ninguém precisa experimentar de novo algo que não deu certo lá atrás"

Ingrid Soares
postado em 08/08/2022 16:25 / atualizado em 08/08/2022 18:33
 (crédito: Evaristo Sa / AFP)
(crédito: Evaristo Sa / AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira (8/8) que "quem é democrata não precisa assinar cartinha". A declaração ocorreu durante reunião com empresários da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e com a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), em São Paulo em referência à Carta pela Democracia, organizada pela Universidade de São Paulo (USP) e que será lida no próximo dia 11.

“Quem quer ser democrata, não tem que assinar cartinha, não. Se tiver que assinar que sou honesto, ‘Assina aí que eu sou honesto', todo mundo vai assinar que é honesto. Democracia tem que sentir o que a pessoa está fazendo. (..) Falar todo mundo fala. Fazer cartinha todo mundo faz", alegou.



Bolsonaro afirmou ainda que não assinará o documento, ao contrário de outros presidenciáveis, como Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thronicke (União Brasil), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Péricles (Unidade Popular) e José Maria Eymael (Democracia Cristã).

"Dizer a vocês que vocês têm que olhar na minha cara, ver as minhas ações e me julgar por aí. Assinar cartinha eu não vou assinar cartinha. Até pra carta. É mais do que política. Uma carta é um objetivo sério de voltar o país nas mãos daqueles que fizeram maus feitos conosco", disse, insinuando que a carta seria uma defesa ao petista. 

O chefe do Executivo também acenou aos banqueiros eleitoralmente ao dizer que "ninguém precisa experimentar de novo algo que não deu certo lá atrás".

"A gente tem que viver em harmonia todo mundo. Nós somos adultos, nós sabemos o que está acontecendo. A gente reclama de alguém que está pensando diferente da gente, mas aquela pessoa não teve instrução suficiente para tomar uma decisão. Mas nós aqui, gente como nós, temos a obrigação de saber a realidade. Ninguém precisa experimentar de novo algo que não deu certo lá atrás", acrescentou.

Bolsonaro ainda citou o indulto concedido ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo por estimular atos antidemocráticos. 

"Todo Foro de São Paulo tem que ser convidado para assinar a carta pela democracia. 'Vamos tirar o Bolsonaro dali. É melhor um democrata na corrupção do que um honesto num regime forte'. Qual regime forte o meu? Me aponte uma palavra minha contra a democracia. Eu mandei prender algum deputado? Eu não tirei o deputado da cadeia naquela época porque o Congresso disse que ele merecia ser preso. Eu não vou brigar com o parlamento. Agora quando condenaram a 9 anos de cadeia o deputado, falei não, vai sair amanhã. E saiu. É ser machão? Não. É não trair a minha consciência".

Em tom irônico, Bolsonaro disse que citaria "fatos para os democratas que assinaram a carta lembrar".

"Quando prenderam o parlamentar, fizeram o quê? Se prende um deputado, com todo respeito, que tem imunidade. O cara pode xingar a avó do Papa, está escrito 'quaisquer'. Quaisquer não tem até qual limite, não tem até com liberdade com responsabilidade, não está escrito lá. O parlamentar pode tudo. Ele pode decretar agora que o Palmeiras é tricampeão mundial, ninguém pode falar nada. Fala o que bem entender. Ninguém fez nada, ninguém falou nada. Ficaram algemando as mulheres em praça pública. O que os signatários da carta falaram naquele momento lá atrás? Eu falei".

E citou também o inquérito das Fake News, que tem como relator o ministro Alexandre de Moraes.

"Inquérito de Fake News. O que é fake news? Tem algum advogado aqui? Tem. Não está tipificado. Como é que alguém pode ser julgado por fake news? Que país é esse? Onde está a ditadura? Está no Executivo ou está em alguns poucos de outros poderes? Estão com saudade do que, alguns do Brasil? Das festa de antigamente, onde se valia tudo?", questionou.

O presidente apelou para que os bancos reduzam os juros do crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil e do BPC, voltou a atacar o sistema eleitoral e defendeu ter montado "um ministério de pessoas quase santas na política". 

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