DISCURSO

7 de Setembro: apoio ao "Mito" e radicalismo marca ato na Esplanada

As faixas levadas por simpatizantes de Bolsonaro pediam "faxina" ou "limpeza" no STF e faziam críticas ao ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, chamado de "ovo" ou "Xandão"

Luana Patriolino
Tainá Andrade
Victor Correia
postado em 08/09/2022 05:42 / atualizado em 08/09/2022 05:43
O agronegócio levou tratores para o desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios -  (crédito:   Carlos Vieira/CB)
O agronegócio levou tratores para o desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios - (crédito: Carlos Vieira/CB)

Manifestantes que ocuparam a Esplanada dos Ministérios em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) repetiram pautas do 7 de Setembro passado e pediram intervenção das Forças Armadas e ações contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Eles também protestam contra o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal adversário do chefe do Executivo nas eleições de outubro.

As faixas levadas por simpatizantes de Bolsonaro pediam "faxina" ou "limpeza" no STF e faziam críticas ao ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, chamado de "ovo" ou "Xandão". Algumas reivindicavam a prisão do magistrado — alvo constante do presidente da República. Também surgiram apelos pela criação de uma Constituição "anticomunista" e para que Bolsonaro acione as Forças Armadas e comande um golpe militar.

Os apoiadores também saudaram o chefe do Executivo com gritos de "Mito" e hostilizaram o ex-presidente petista: "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão". Também surgiram cartazes a favor do armamento da população.

Mas se Bolsonaro moderou o discurso contra o STF, fez uma provocação velada à Corte ao levar para o palco da cerimônia na Esplanada o empresário Luciano Hang, dono da rede Havan. Ele é um dos oito empresários alvo de investigação do tribunal por supostamente incitar um golpe de Estado, caso o chefe do Executivo não consiga se reeleger. Hang assistiu ao desfile cívico-militar entre Bolsonaro e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

Bandeiras

Em meio aos milhares de apoiadores do presidente estava Getúlio Ribeiro, 33 anos, que veio de São José dos Quatro Marcos (MT), em uma caravana com mais quatro ônibus. "Em 33 anos, nunca tinha vindo para o 7 de Setembro. Desta vez, tive um motivo maior, que foi estar ao lado dele, porque tem condições de reeleger", afirmou. "Saíram algumas pesquisas que eu não acredito na veracidade, pois não é o que vejo nas ruas de lá, não acha um adesivo em carro que não seja de algum partido que apoia Bolsonaro."

Bispa na igreja Ministério com Deus em Vida, sediada em Taguatinga Sul, Tatiane Pereira, 40, compareceu com o filho, de 10. Ela disse que não foi à Esplanada por causa de Bolsonaro, mas destacou que o apoia. Segundo a fiel, todas as igrejas defendem a reeleição do presidente porque ele se aproximou das instituições, diferentemente de Lula, que, segundo frisou, somente atacou os evangélicos.

"Um líder nacional deve apoiar a igreja. Ele não está indo por causa da campanha, a mulher dele serve ao Senhor", disse. "Nós temos de ter os nossos dentro da igreja, que briguem pelas mesmas bandeiras. Apoio o Bolsonaro porque ele defende o estatuto da família. Não me importo que ele defenda as armas, ele é militar, é natural", minimizou.

Agronegócio

Em aceno do agronegócio a Bolsonaro, 28 tratores desfilaram na Esplanada. Um grupo de produtores rurais e empresários ligados ao setor organizou o "tratoraço" como uma forma de manifestar apoio público ao candidato à reeleição. As máquinas agrícolas passaram na avenida após blindados militares, enquanto apoiadores do chefe do Executivo gritavam "agro".

O movimento foi articulado pelo sojicultor e candidato ao Senado por Mato Grosso Antonio Galvan (PTB), que está à frente do Movimento Brasil Verde Amarelo — representante de 200 associações e sindicatos ligados ao agronegócio. "Vamos prestigiar o nosso presidente Jair Bolsonaro. Vamos prestigiar o Brasil. Vamos manter a nossa independência a qualquer custo e a nossa liberdade", disse ele, em vídeo divulgado na terça-feira.

Galvan articulou, também, os movimentos do 7 de Setembro de 2021 e foi investigado pela Polícia Federal por suposta incitação a atos antidemocráticos.

Após uma espécie de "peregrinação" do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em Mato Grosso (MT), empresários do agronegócio intensificaram as doações para a campanha à reeleição de Bolsonaro nos últimos dias.

Dos 15 maiores doadores da campanha de Bolsonaro, 14 são ruralistas ou têm atividades ligadas ao setor. Juntos, doaram R$ 3,051 milhões ao comitê bolsonarista, que tem reclamado de baixo financiamento na corrida eleitoral.

O produtor de soja sul-mato-grossense Oscar Luiz Cervi destinou R$ 1 milhão para o comitê bolsonarista e ultrapassou Nelson Piquet como maior doador pessoa física.

O ex-piloto da F-1 direcionou R$ 501 mil para tentar reeleger Bolsonaro e é o único na lista que não possui atividades ligadas ao setor. (Com Agência Estado)

 

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