ELEIÇÕES 2022

Dirigente do PDT abandona Ciro Gomes e declara apoio a Lula

Ex-deputado estadual Haroldo Ferreira diz discordar dos ataques de Ciro ao ex-presidente Lula: "Campanha odiosa contra o principal candidato de oposição ao regime bolsonarista"

Henrique Lessa
postado em 19/09/2022 19:03 / atualizado em 19/09/2022 19:05
 (crédito: Reprodução/Band)
(crédito: Reprodução/Band)

Ex-deputado estadual do Paraná, Haroldo Ferreira (PDT) anuncia em carta enviada ao presidente da legenda, Carlos Lupi, seu afastamento do cargo de membro do diretório nacional do partido e de vice-presidente da Fundação Leonel Brizola. Além disso, demonstrou no texto apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no lugar do candidato da sigla ao planalto, Ciro Gomes (PDT).

Ferreira aponta, como motivo do seu afastamento, a estratégia política adotada por Ciro ao fazer ataques sistemáticos a Lula (PT).

Para Haroldo Ferreira, a campanha de Ciro não percebe o momento crucial em que o país vive para a defesa das liberdades individuais e coletivas, que vive, segundo ele, em constantes ataques que fragilizam as instituições democráticas. No texto, dá a entender que a linha escolhida pela campanha se deve ao marqueteiro do presidenciável, João Santana, responsável pelo que chama de uma “campanha odiosa contra o principal candidato de oposição ao regime bolsonarista”, referindo-se a Lula.

Ressalta também que as críticas ao petista no campo pessoal marcam o tom da campanha do pedetista. “É lamentável que Ciro Gomes tenha adotado uma estratégia errática de tentativa de desconstrução da imagem de Lula, ao invés de focar no Programa Nacional de Desenvolvimento.”

O dirigente nacional encerra a carta informando que, em função das discordâncias com a campanha majoritária do partido, declara apoio a Lula: “Passo a defender a bandeira da liberdade e do Estado de Direito democrático, engajado na campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva”.

Haroldo Ferreira é médico, ex-deputado estadual pelo PDT e foi candidato a vice-governador do Paraná na chapa encabeçada pela petista Gleisi Hoffmann em 2014. Hoje, concorre a uma cadeira na assembleia legislativa paranaense.

Contatada, a campanha de Ciro Gomes não se pronunciou sobre a decisão do correligionário até a publicação desta reportagem.

Veja a íntegra da carta:

"Prezado Presidente Carlos Lupi,

A despeito do apreço e consideração que lhe tenho, assim como identificação com o trabalhismo brizolista, cabe-me o dever pessoal de lhe encaminhar meu pedido de afastamento da Vice Presidência da Fundação Leonel Brizola, Nacional e Regional do Paraná, bem como do Diretório Nacional do PDT, para, como Dirigente, não incorrer em ato de infidelidade partidária.

Como estamos vivenciando, o Brasil passa por momento crucial de garantia de nossas liberdades individuais e coletivas, com ataques constantes, persistentes e orquestrados de fragilização de nossas Instituições Democráticas.

Instituições que foram duramente conquistadas e inseridas na Carta Constitucional Federal de 1988, após sacrifícios da Nação, de brasileiros e brasileiras que enfrentaram as forças da Ditadura com perdas, mortes, desaparecimentos, exilios e torturas.

Malgrado este momento em que o PDT Nacional, através da candidatura presidencial de Ciro Gomes, marqueteado por João Santana, imprime uma campanha odiosa contra o principal candidato de oposição ao regime bolsonarista, lhe impondo pesadas críticas, inclusive, no campo pessoal e familiar.

De tal forma que Ciro Gomes, seja hoje, dentro do nosso campo político, o principal detrator de Lula, servindo direta ou indiretamente, de linha auxiliar para a candidatura oficial de situação.

Tal conduta equivocada, além de não agregar eleitoralmente, nos afasta do campo progressista nacional, nos isola em um gueto indefinido ideológico, inexpressivo de articulação, negando a história dos posicionamentos de Brizola, como em 1989, ao apoiar Lula, apesar de diferenças existentes à época.

É lamentável que Ciro Gomes, homem nacionalista, preparado e provado na luta política, tenha adotado uma estratégia errática de tentativa de desconstrução da imagem de Lula, ao invés de focar no PND, Programa Nacional de Desenvolvimento, que contém propostas para o Brasil real de fato, em que sempre acreditamos.

Meu ambiente de convivência política, do campo progressista, democrático, trabalhista, socialista, do SUS, saúde pública e coletiva, ambiental e reforma sanitária brasileira, nos cobra pela atitude política de nossa candidatura presidencial.

Constrage-me, sobremaneira, a repercussão dos ataques pessoais ao Lula, como munição eleitoral, nas redes sociais, impulsionados por bolsonaristas.

Isto posto, informo ao Presidente que passo a defender a bandeira da liberdade e do estado de Direito democrático, engajado na campanha eleitoral de Luís Inácio Lula da Silva, e que assim o destino o queira futuro Presidente do Brasil.

Respeitosamente,

Haroldo Ferreira, médico – Paraná"

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