Eleições 2022

Guerra santa: vídeo de Bolsonaro em maçonaria viraliza nas redes sociais

Gravação, registrada em 2017, mostra o candidato à reeleição em encontro com sociedade secreta. Pastor evangélico e apoiador do presidente, Silas Malafaia minimiza o episódio

Mariana Albuquerque*
postado em 04/10/2022 19:24
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Nesta terça-feira (04), um vídeo antigo do presidente Jair Bolsonaro (PL) circula nas redes sociais, em que o presidente está em uma reunião maçônica. As expressões 'Maçonaria', 'Decepção', 'Bolsonaro satanista', 'Traidor', entre outras, estão entre os assuntos mais comentados no Twitter. O vídeo não tem data confirmada, porém o registrado está postado no Youtube ao menos desde 2017.

O compartilhamento do vídeo, poderia afetar de alguma forma a campanha do atual presidente que caminha para o segundo turno da eleição, e tem como base o voto de cristãos. Agora, a oposição usa o vídeo para que chegue aos eleitores tradicionais de Bolsonaro, já que frequentar lojas maçônicas ou “associações secretas” é tido como uma proibição dentro do Código Cânonico católico.

Dois artigos se referem a essa questão. 

Cân. 684: “Os fiéis fugirão das associações secretas, condenadas, sediciosas, suspeitas ou que procuram subtrair-se à legítima vigilância da Igreja”.

Cân. 2333: “Os que dão seu próprio nome à seita maçônica ou a outras associações do mesmo gênero, que maquinam contra a Igreja ou contra os legítimos poderes civis, incorrem ipso facto na excomunhão simplicitária reservada à Sé Apostólica”.

Durante sua fala no vídeo, Bolsonaro alerta para um “perigo ideológico” e afirma que é preciso “fugir da política tradicional”. As imagens foram extraídas de um vídeo mais longo.

Posicionamento igreja 

À Folha de São Paulo, Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo,e apoiador de Bolsonaro, comentou o vídeo. “Se for verdade (o vídeo), há pouco estrago, porque não é uma questão religiosa”. Caso seja “fake news”, segundo ele, não há estrago nenhum. Porém em outro vídeo recuperado por internautas, o líder evangélico aparecia criticando a maçonaria e afirmando que “a maçonaria não é para nós. Tem coisa que vale a pena para qualquer pessoas , para o povo de Deus não presta…”, afirma Malafaia em um vídeo antigo.

A guerra religiosa já era o pano de fundo da briga entre os presidenciáveis, onde a atual primeira dama, Michelle Bolsonaro chegou a compartilhar um vídeo da esposa de Luiz Inácio Lula da Silva, junto a ele, em um culto de religião de matriz africana.

Malafaia atacou o petista. “Quer algo pior que Lula tomando posse em um centro de macumba? A maçonaria é uma sociedade à qual não pertenço eu sou contra crestão pertencer, mão nego. Mas tudo bem, cada um é uma cabeça e sabe o que faz da vida.”, afirmou o pastor.

Outro apoiador cristão que se manifestou foi o apóstolo César Augusto, da igreja Fonte da Vida, que tem um pensamento diferente do de Malafaia. Afirma que o vídeo é uma fake news que "pode causar avaria, e seus autores devem ser investigados e punidos". 

Compartilhamento 

Segundo o Observador Folha/Quaest, cerca de 465 grupos do Telegram e 1.346 de Whatsapp que têm sido monitorados têm mais compartilhamento, as mensagens que tentam afirmar que o vídeo é “uma munição da oposição para atingir os votos do Bolsonaro”.

No Telegram, o vídeo mais compartilhado, foi encaminhado cerca de 90 vezes com uma mensagem que afirma que há “perfis falsos esquerdistas se passando por cristãos nas redes os robôs estão criando narrativa”. Em outra postagem na mesma rede, usuários compartilharam por 50 vezes uma mensagem que defendia que o Bolsonaro vai em todos os lugares e é “presidente de todos”.

Já no WhatsApp, a mesma mais compartilhada condena a atitude de Bolsonaro. “A Igreja Católica não aceita que os seus fiéis sejam da maçonaria e historicamente já se opôs radicalmente a esta sociedade secreta, devido aos princípios anticristãos maçônicos", afirmava.

O tema já tinha sido usado contra o Bolsonaro e seguidores do presidente. o ex candidato Cabo Daciolo chegou a afirmar que a facada que o presidente levou em 2018, foi orquestrada pela maçonaria e que figuras evangélicas como Marcos Feliciano e Malafaia eram envolvidos com a organização secreta. Nenhuma afirmação é comprovada.

Alguns apoiadores bolsonaristas como Carla Zambelli e Jorginho Mello têm envolvimento maçônico. A deputada Zambelli casou-se em 2020 numa cerimônia maçônica.

*Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza

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