Atos Antidemocráticos

Cacique preso pela PF recebe apoio financeiro de fazendeiro de MT

Didi Pimenta, fazendeiro com propriedade em Campinápolis (MT), onde mora a família do cacique, pede PIX em vídeo divulgado em grupos

Tainá Andrade
postado em 13/12/2022 01:31 / atualizado em 13/12/2022 14:09
 (crédito: Twitter/Reprodução)
(crédito: Twitter/Reprodução)

O indígena José Acácio Serere Xavante, preso pela Polícia Federal (PF), na tarde desta segunda-feira (12/12), conhecido como Cacique Tserere, estaria sendo financiado pelo fazendeiro paulista, Dide Pimenta, natural de Araçatuba, que tem propriedade em Campinápolis (MT). A região é onde está demarcada a Terra Indígena Parabubure, a qual vive parte da população Xavante e a família do cacique. Cerca de 27 mil indígenas vivem na região, distribuídos em nove terras indígenas.

Para chegar e se manter por cerca de 10 dias na capital federal, o indígena teria sido financiado pelo fazendeiro, que explica a ação e pede mais ajuda financeira em um vídeo. Didi afirma que foi procurado pelo cacique porque “queria ajudar na manifestação”.

Ele conta que junto com um grupo de amigos enviou os indígenas em “oito ônibus de índios” e no domingo (11/12) mandou “outras etnias” para Brasília. Agora, “estão com dificuldade de manter os índios”. Ele avisa que estão recebendo entre R$ 30 a R$ 500 e que “podem passar um PIX para a conta direta do Tserere ou passar para a dele”.

“Estamos empenhado nessa luta junto com Tserere e Xavantes para manter nossa democracia e nosso capitão no governo”, disse.

Confira o vídeo:

Quem é o "cacique"?

Tserere não tem a função de cacique na aldeia dele, na verdade quem comanda o local é o Cacique Celestino. Interlocutores da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), explicam que o indígena não tem seguido as tradições de seu povo. Ele se casou há seis anos com uma mulher não indígena e atua como pastor evangélico.

Um Xavante próximo ao pastor conta que a decisão religiosa ocorreu após ele ser preso por tráfico de drogas. Diz que Tserere recebeu uma aula para se tornar pastor dentro da prisão e depois "seguiu o chamado".

A vida política dele teve início em 2010, quando foi candidato à prefeitura de Campinápolis pelo PROS, mas teve votação irrisória, recebendo uma forte rejeição dos próprios Xavantes.

Ainda assim, seguiu pelo caminho da direita e decidiu apoiar Bolsonaro. Em 2020, ganhou notoriedade em grupos bolsonaristas nas redes sociais. No acampamento do Quartel General em Brasília, ele anda sem camisa, com o corpo pintado e é filmado tecendo críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e às urnas eletrônicas. 

 

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