ATOS GOLPISTAS

Ex-comandante da PMDF diz que atos pareciam pacíficos e critica Exército

À frente da PMDF no dia em que a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes ocorreram, Fábio Augusto disse, ainda, que não recebeu ordem de impedir que bolsonaristas entrassem na Esplanada

Talita de Souza
postado em 15/01/2023 19:39 / atualizado em 15/01/2023 19:41
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

O ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Fábio Augusto Vieira afirmou, em depoimento prestado à Polícia Federal, que não recebeu ordens para impedir o deslocamento dos bolsonaristas à Esplanada dos Ministérios, ação que possibilitou a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, no último domingo (8/1). Ele ainda revelou que o Exército teria impedido a prisão de golpistas pela PMDF. 

Fábio foi exonerado um dia após os atos e foi preso na terça-feira (10/1), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. No depoimento, obtido pela CNN, o policial militar declarou que o setor de inteligência apontava que não havia indicativo de ações violentas no ato — que já era esperado pelos órgãos de segurança pública. O PM afirma que, mesmo durante escolta policial realizada na descida dos bolsonaristas até a Praça dos Três Poderes, “não havia indicativo de desordem ou violência”. 

Segundo o ex-comandante, as ações promovidas pela PMDF naquele domingo seguiram as atribuições estabelecidas no Protocolo de Ações Integradas nº 2/2023, pactuado entre “os órgãos e agências interessados” durante reunião feita na Secretaria de Segurança Pública com a presença de comandantes da PM da área central de Brasília, representantes da secretaria e de órgão federais, como o Ministério da Justiça, o Gabinete de Segurança Institucional, a Agência Nacional de Inteligência (Abin) e do Supremo Tribunal Federal (STF). Fábio afirma não ter participado da reunião.

Outro ponto levantado por Fábio Augusto para afirmar não ter responsabilidade quanto à invasão e depredação da Praça dos Três Poderes, foi ser comunicado, “apenas na madrugada de sábado (7/1)”, sobre a chegada de novos ônibus de bolsonaristas em Brasília. “Até então, a inteligência havia identificado poucos veículos, o que corroborava a informação de uma reunião sem indicadores de violência”, diz o depoimento.

Ao saber do maior fluxo de bolsonaristas na capital, o ex-comandante questionou o comando operacional responsável pela ação de monitoramento dos atos e foi informado que “o contigente [de policiais] era suficiente” para manter a ordem.

O policial também apontou erros na segurança da Praça dos Três Poderes: o gradil, que é responsabilidade do Congresso Nacional, estava posicionado de maneira errada e “não havia contingente suficiente da Polícia Legislativa e não havia policiamento suficiente no Planalto, que é de responsabilidade do Exército”.

Durante a invasão, Fábio afirmou ter agido de maneira enérgica e ter, ele próprio, se envolvido na contenção dos golpistas. Ele disse ter sido “ferido em combate com vândalos” e entrado “em luta corporal com manifestantes”, além de determinar “a detenção de todos”.

As trocas de comando na PMDF, realizadas pelo ex-secretário da Segurança Pública Anderson Torres, também foram apontadas por Fábio como um fator que dificultou “o fluxo de informações” para o comando da PM, antes dos atos ocorrerem.

Exército impediu prisões de golpistas e desmonte de acampamento bolsonarista

O ex-comandante da PM revelou que, após a contenção dos golpistas, o Exército tentou impedir os agentes da polícia militar de realizar as prisões dos criminosos.

A intervenção do Exército não foi inédita, de acordo com Fábio: por três vezes soldados impediram a PMDF de desmobilizar o acampamento bolsonarista instalado em frente ao quartel general do Exército.

O policial disse que “chegou a mobilizar 500 homens com objetivo de acabar com o acampamento”.

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