Forças Armadas

"Não havia mais clima", diz Múcio sobre troca do comando do Exército

O ministro da Defesa declarou ainda que Lula quer investir nas Forças, mas não vai perdoar os atos terroristas ou os acampamentos de extremistas em frente aos quartéis

Victor Correia
postado em 22/01/2023 16:57 / atualizado em 22/01/2023 16:57
Lula e José Múcio, ministro da Defesa -  (crédito:  RICARDO STUCKERT/ PR )
Lula e José Múcio, ministro da Defesa - (crédito: RICARDO STUCKERT/ PR )

O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que "não tinha mais clima" para a permanência do general Júlio César Arruda no comando do Exército. O militar foi exonerado neste sábado (22/1) do cargo, assumido pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Múcio disse ainda que tentou aliviar a tensão entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o ex-comandante após os ataques terroristas de 8 de janeiro.

"Houve os acampamentos dos quartéis. Por mais que nos esforçássemos, aquela não era uma situação resolvida. Depois, veio o 8 de janeiro, que criou muito problema. Foi um ato de vândalo misturado com terrorismo, com suspeita de incitação ao golpe", declarou o ministro ao jornal O Globo, em entrevista publicada neste domingo (22/1).

"Precisamos saber quem são os culpados. Evidentemente, o Exército não estava por trás daquilo, mas precisa punir as pessoas das Forças que estavam envolvidas naquilo e saber quem ajudou a depredar", explicou ainda o ministro.

O general Arruda foi exonerado neste sábado do cargo. Ele foi comunicado logo cedo por Múcio, que o chamou para uma reunião. Surpreso, o ex-comandante convocou uma reunião virtual com o alto comando do Exército, formado pelos generais de mais alta patente.

Lula quer investir nas Forças, mas não vai perdoar acampamentos e os atos terroristas

A demissão ocorreu um dia após uma reunião, na sexta (20/1), realizada com o pretexto de pacificar a tensão entre o Executivo e as Forças Armadas, especialmente o Exército. No encontro, Lula, o ministro e os quatro comandantes (Exército, Marinha, Aeronáutica, e do Estado Maior) discutiram medidas para a modernização das Forças, o que foi bem recebido pelos militares.

"O presidente quer investir nas Forças Armadas. Mas ele não perdoou nem vai perdoar a ocupação dos acampamentos em frente ao Exército. Ele quer a apuração absoluta", disse Múcio. Segundo fontes do governo, Lula estava extremamente insatisfeito com a falta de disposição de Arruda em agir contra militares que participaram dos atos golpistas, o que se somou à tensão pela falta de atuação contra os acampamentos bolsonaristas que se instauraram em frente aos quartéis após o segundo turno das eleições.

"Eu exauri ao máximo. Demorei para tomar a iniciativa, porque a hora foi agora. Eu precisava me convencer disso", afirmou o ministro. "Tentei reconstruir essa relação, porque eu vim para pacificar a relação do governo com as Forças. Senti que não havia clima. Fazíamos reuniões, mas não tinha mais clima", completou.

Com o novo comandante, general Tomás, a expectativa é que haja um esforço do Exército na punição a militares que participaram dos ataques. Lula suspeita que membros do Batalhão da Guarda Presidencial, por exemplo, facilitaram a entrada dos bolsonaristas no Palácio do Planalto.

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