Presidência

Confira o que fala cada governo sobre o caso dos animais mortos da Presidência

Jardins e espelho d'água do Palácio da Alvorada entram na mira após a morte de três emas e dezenas de carpas. Segundo a Casa Civil, outros animais que vivem na residência oficial também estariam com o quadro de saúde afetado

Mariana Albuquerque*
postado em 10/02/2023 11:52 / atualizado em 10/02/2023 11:57
 (crédito:  Breno Fortes/CB/D.A Press)
(crédito: Breno Fortes/CB/D.A Press)

Alimentadas com restos de comida, três emas da Presidência da República morreram no início do ano com quadro de excesso de gordura, informou a Casa Civil, sendo duas na Granja do Torto, e uma no Palácio do Alvorada. A autópsia preliminar realizada no animal que morreu no Alvorada indicou excesso de gordura visceral, afirmou a pasta em nota. Dezenas de carpas do espelho d´água também morreram. O local, que abrigava cerca de 70 peixes, hoje contabiliza menos de 10 animais.  

Sobre as emas da Presidência, segundo o portal Uol, documentos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Casa Civil mostram que os animais da Presidência estão sem acompanhamento veterinário e, em sua maioria, em instalações inadequadas.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) afirmou, na última quinta-feira (9), que as carpas morreram após limpeza ordenada na gestão anterior, feita por uma empresa terceirizada em 27 de dezembro, quando o presidente ainda era Jair Bolsonaro (PL), e outra limpeza no dia 2 de janeiro, já no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Sobre o período de transição de governo, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou, na última quarta feira (8), que a limpeza teve início no dia 2 de janeiro, "portanto, após nossa saída do Palácio". "Houve relatos de que, no dia 10/1, peixes começaram a morrer. Portanto, toda operação de retirada dos peixes e limpeza do espelho d'água ocorreu muito depois de nossa saída da residência", escreveu ela nas redes sociais. 

Michelle também explicou que ela fez um pedido para que, "se fosse possível, quando realizassem a limpeza, as moedas que repousavam no fundo do espelho d'água fossem recolhidas e, em seguida, doadas a uma instituição de caridade que cuida de mais de 80 'especiais'". Ela afirmou que o valor foi destinado à Vila do Pequenino Jesus, que cuida de pessoas com deficiência no Lago Sul.

Excesso de gordura

A nota da Casa Civil divulgada na quinta-feira afirmou que a autópsia da ema morta no Alvorada apontou excesso de gordura visceral como uma possível causa do óbito. A causa será apontada de forma definitiva em laudo a ser divulgado na semana que vem. Os animais comiam arroz e milho misturado à ração, o que, conforme os especialistas, desbalanceia a dieta e contribui para o aumento do peso dos bichos de forma desequilibrada. A suspeita é de que a mistura foi adotada em razão da baixa quantidade de ração disponível.

Sem vacina

Além da alimentação precarizada, a consultoria chamada pela atual primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, identificou que as aves não foram vacinadas contra a doença de Newcastle, que já registrou surto em São Paulo, e que é preciso realizar uma "adequação nas instalações". Segundo técnicos que avaliaram os locais, os problemas estruturais inviabilizavam cuidados básicos dos bichos, como vacinação, e até prejudicavam a segurança para reprodução. Muitos dos animais perderam filhotes por falta de ambiente adequado.

Não há informações sobre declarações de Bolsonaro e Michelle, nem de nenhuma autoridade da gestão anterior, sobre a situação das emas.

Outros animais

Um relatório produzido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Distrito Federal ainda detalhou o estado de saúde de outros animais que vivem nas residências oficiais da Presidência e que teriam o quadro de saúde afetado. Quatro papagaios, três araras, um periquito, um pássaro negro e dois pavões tiveram de ser levados pela atual administração dos palácios da Presidência para tratamento veterinário no Zoológico de Brasília, onde devem receber os cuidados devidos após o diagnóstico de condições inadequadas.

“A atual gestão tomou conhecimento da situação dos animais e adotou todas as providências para adequar as instalações físicas dos animais, bem como oferecer o acompanhamento veterinário necessário. Além disso, a administração dos palácios está cumprindo todas as recomendações dos órgãos técnicos”, disse a Casa Civil.

Em 2016, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a dieta das emas consistia em ração de avestruz e até mesmo em algumas sobras da cozinha do Palácio da Alvorada, mas somente de frutas e folhas próprias para o consumo animal. As informações constam de resposta pública da Secretaria Geral da Presidência a um pedido feito via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Orçamento reduzido para alimentação

A alimentação das emas e dos demais animais silvestres que habitam o palácio e a Granja do Torto — como papagaios, araras, canários, jabutis e peixe, entre outros — custava, mensalmente, R$ 8.829,63 aos cofres públicos em 2016.

Segundo a nova gestão federal, o governo Bolsonaro destinava apenas um terço do orçamento necessário para a compra dos alimentos. Enquanto o gasto estimado para manutenção de todos os animais instalados nos palácios presidenciais éde 20 mil grãos por ano, o destinado em 2022 foi de apenas 7 mil.

Em um documento divulgado pela Presidência da República dia 11 de abril de 2022, os palácios da Alvorada, do Jaburu e a Residência Oficial do Torto, em Brasília, somavam mais de mil animais de diferentes espécies. O texto fazia parte de uma licitação de R$ 191.704 mil para a compra de ração para alimentar os bichos ao longo de 2022.

No ano de 2021, a licitação para a compra de alimentos para os animais dos palácios do governo federal somou R$ 120.044 mil. Foram listadas apenas 400 aves e 500 peixes. O presidente Bolsonaro chegou a ser questionado sobre o aumento no número de animais e no valor destinado na época, porém não respondeu. 

Bolsonaro chegou a reclamar em novembro de 2021 sobre o altos gastos com a alimentação dos animais. “Você quer que eu pague do meu salário a ração pra ema? Vai no cartão corporativo”, declarou, quando questionado sobre o aumento nos gastos do cartão corporativo da Presidência.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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