Roda Viva

Carmen Lúcia diz que Judiciário é um "ambiente majoritariamente machista"

No Roda Vida, a ministra falou sobre casos de interrupção na Corte. "Nós ficamos silenciadas pela palavra, pela voz mais alta, mais grave, dos homens", afirmou

Victor Correia
postado em 06/03/2023 23:17
 (crédito: Reprodução/Youtube @RodaViva)
(crédito: Reprodução/Youtube @RodaViva)

A ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou nesta segunda-feira (6/3) que as mulheres sempre ficam "silenciadas pelas palavras", ao comentar casos em que foi interrompida por colegas homens na Corte. Durante participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, a magistrada frisou que o Judiciário é "um ambiente majoritariamente machista" e que é preciso maior representatividade feminina nos espaços de poder.

"Nós ficamos silenciadas pela palavra, pela voz mais alta, mais grave, dos homens. Pelos espaços que eles tiveram para falar. Muitas vezes há um ambiente tal que eles nem se dão conta que estão interrompendo mais as mulheres do que outros homens", disse a ministra. "O ambiente do Judiciário é machista, majoritariamente machista. Basta ver que na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a maioria é de mulheres, mas nós nunca tivemos na história uma mulher presidindo a OAB", acrescentou.

A entrevista com Carmen Lúcia foi a primeira de uma série voltada ao Mês da Mulher, celebrado em março. A ministra foi entrevistada por uma bancada formada apenas por mulheres, incluindo a colunista do Correio Denise Rothenburg.

A magistrada foi questionada sobre um episódio no ano passado no qual, ao tentar pautar um processo que não estava previsto, foi interrompida diversas vezes pelos colegas homens. "Isso se compõe em uma sociedade que tem essa característica de predomínio dos homens em cargos de poder, e é exatamente por isso que é necessário que a gente trabalhe cada vez mais isso", enfatizou.

Mulheres com atuação importante no direito devem ser consideradas para vaga no STF

Carmen Lúcia comentou também a indicação para a segunda vaga que se abrirá para o STF neste ano, após a saída da presidente da Corte, ministra Rosa Weber, em outro. Para ela, a representatividade feminina é algo que "nunca saiu" para as mulheres no Brasil, como é visto pela presença de apenas duas mulheres na Suprema Corte.

"No caso dessas listas, que você chama de listas, são nomes, figuras muito importantes do Direito que se projetam e quem por isso mesmo, são lembrados", afirmou Carmen. "Não é possível que não se lembrem de tantos nomes de mulheres importantes que estão atuando no Judiciário, na advogacia, no Ministério Público, e que podem ser lembrados", completou.

A ministra, porém, pontuou que a escolha é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que a indicou ela e Rosa Weber ao STF durante os primeiros mandatos. "Tenho a convicção de que, sendo este um presidente que sempre lembrou das pautas daqueles que são iguais em direitos, mas minoritários no desempenho dos seus direitos, pelo menos que ele avalie e leve em consideração [nomes de mulheres] no momento de sua escolha", disse Carmen Lúcia.

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