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Agrishow perde verba do BB após desconvidar ministro da Agricultura

Banco estatal retira patrocínio de evento, que no primeiro dia preteriu a presença do ministro da Agricultura e preferiu a de Bolsonaro

Raphael Felice
postado em 29/04/2023 00:01 / atualizado em 29/04/2023 19:24
 (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

O governo federal decidiu, ontem, retirar o patrocínio do Banco do Brasil (BB) à feira de tecnologia agrícola Agrishow, que acontece entre 1º e 5 de maio em Ribeirão Preto (SP). A informação foi divulgada pelo ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, que não informou o valor que seria aplicado no evento.

O motivo da retirada do patrocínio foi o "desconvite" da organização do Agrishow ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que seria uma das atrações do primeiro dia da feira. A razão seria porque o evento preferiu chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Tarciana Medeiros, presidente do BB, faria palestra na feira, mas, diante da decisão em relação a Fávaro, decidiu não ir mais.

Para compensar, os organizadores da feira propuseram ao ministro participar apenas do segundo dia do evento. Ele não aceitou por entender que, ao ser trocado por Bolsonaro, houve descortesia da parte da organização — que nega ter desconvidado Fávaro.

"A direção da Agrishow reafirma o convite feito ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, para participar da abertura da 28ª edição da feira. Para a direção da Agrishow, o ministro vem realizando um ótimo trabalho com muita competência para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro e sua participação na feira é muito importante para todo o setor", diz a nota dos organizadores.

Segundo o ministro, "na terça-feira de manhã, segundo dia da Agrishow, não vou. Vou para Brasília. Tenho uma agenda lotada e o principal é um almoço da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária)" — observou, em entrevista à Globo News.

Eleições

Na avaliação de Fávaro, a preferência a Bolsonaro no dia da abertura do evento mostra que uma parte do agro "ainda não aceitou o resultado das urnas" e segue "em palanque eleitoral".

"Percebo que alguns que ainda insistem em fazer campanha política, de não aceitar o resultado nas urnas e talvez não trabalhar na sua finalidade específica, que é o agronegócio brasileiro", disse o ministro, acrescetando que o governo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão abertos a conversar com os produtores do setor, independentemente do apoio que deram na eleição presidencial.

O Palácio do Planalto entendeu o "desconvite" a Fávaro como uma tentativa de constranger o governo. Fontes avaliam que a sugestão de chamar Bolsonaro foi um plano do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas — ex-ministro da Infraestrutura no governo anterior e que tenta se firmar como liderança de direita, em busca de apoio dos radicais bolsonaristas e de eleitores que resistem ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O gesto dos organizadores do Agrishow também foi entendido, no Palácio do Planalto, como um aviso sobre as simpatias que o governo tem ao Movimento dos Sem Terra — cujos militantes invadiram, semanas atrás, terras produtivas e até mesmo uma fazenda da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), sem contar que o presidente do MST, João Pedro Stédile, integrou a comitiva que acompanhou Lula à China.

 


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