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Barroso se retrata após comentário na UNE causar mal-estar; entenda

Ao dizer em evento dos estudantes que "nós derrotamos o bolsonarismo", ministro causa incômodo no Congresso e apoiadores do ex-presidente pedirão seu impeachment. Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco considerou a fala "inconveniente"

Raphael Felice
postado em 14/07/2023 03:55 / atualizado em 14/07/2023 12:02
Empolgação do magistrado fez com que o STF emitisse nota
Empolgação do magistrado fez com que o STF emitisse nota "traduzindo" aquilo que ele quis dizer - (crédito: Reprodução/Redes sociais)

A participação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, em evento da União Nacional dos Estudantes (UNE) — no qual disse, entre outras declarações, que "nós derrotamos o bolsonarismo" —, causou mal-estar no Congresso e no próprio STF. No Legislativo, não apenas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou a fala como "infeliz e inadequada", como os parlamentares que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro se mobilizaram para pedir o impeachment do ministro. Já a Corte teve de emitir uma nota traduzindo o que Barroso dissera, salientando que ele se referiu ao voto popular quando afirmou que a ditadura e o bolsonarismo foram derrotados.

Diante do incômodo dos comentários no evento da UNE, o ministro se justificou publicamente dizendo que não teve a intenção de atacar os eleitores de Bolsonaro. E que se referiu a uma minoria "golpista e extremista" ao citar o termo "bolsonarismo".

"Na data de ontem (quarta-feira), em congresso da União Nacional dos Estudantes, utilizei a expressão 'derrotamos o bolsonarismo', quando, na verdade, me referia ao extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de janeiro, e que corresponde a uma minoria. Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente, nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima", explicou o ministro.

Mais cedo, Pacheco confirmou que o comentário de Barroso tinha repercutido mal junto aos congressistas. Segundo ele, "recebi diversos telefonemas sobre a fala. E deste púlpito, recentemente, me solidarizei com o ministro quando foi atacado pelo ex-presidente Bolsonaro. Mas tão inadequado quanto o ataque sofrido pelo ministro, também foi muito inadequada, inoportuna e infeliz a fala de Barroso no evento da UNE contra uma ala política à qual não pertenço, mas que é uma ala política", criticou.

O presidente do Congresso frisou que manifestações políticas não cabem a ministros do STF, que devem ser imparciais. Para Pacheco, a declaração acirra os ânimos de políticos ligados ao ex-presidente da República e prejudica as tentativas de pacificar a política.

"Estamos em um esforço muito grande no Brasil de conciliação, de pacificação, de acabar com ódio em relação às divisões. A arena política se resolve com as manifestações políticas e a ação dos sujeitos políticos. O ministro do Supremo deve ater-se ao cumprimento constitucional de julgar o que lhe é demandado", salientou Pacheco.

Argumento

O comentário do ministro serviu de argumento para que os bolsonaristas fossem às redes sociais fazer carga contra Barroso e o STF, além de aglutiná-los em torno de um pedido de impeachment. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a oposição entrará com uma representação contra o magistrado, o que foi confirmado pela deputada Bia Kicis (PL-DF).

"Barroso afirmou em evento da UNE que venceu o bolsonarismo. Em evento político partidário, confessou que atuou contra uma força política. Gravíssimo! Nós, da oposição, entraremos com um pedido de impeachment", publicou em uma rede social.

 

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