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Tensão entre PF e GSI ainda é alta; desconfiança permanece

Novo foco de atrito entre as duas instituições é declaração do chefe do Gabinete de Segurança Institucional de que a equipe que dirige faz a proteção de Lula. Federais veem órgão ainda contaminado pelo bolsonarismo

 31/08/2023 Credito: Ed Alves/CB/DA.Press. Politica. Ex Presidente jair Bolsonaro e sua esposa Michelle Bolsonaro chegando a Policia Federal. Fachada da Policia Federal em Brasília.  -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
31/08/2023 Credito: Ed Alves/CB/DA.Press. Politica. Ex Presidente jair Bolsonaro e sua esposa Michelle Bolsonaro chegando a Policia Federal. Fachada da Policia Federal em Brasília. - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
postado em 29/11/2023 03:55

Depois de o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marcos Antônio Amaro, afirmar, na segunda-feira, que a segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue como responsabilidade exclusiva do órgão, fontes da Polícia Federal demonstraram que ainda há animosidade e desconfiança em relação aos militares lotados no GSI. Apesar de a afirmação de Amaro seguir as determinações de Lula, não blindou o general de críticas de integrantes da PF.

"Amaro só comenta esse tipo de coisa quando o presidente viaja?", provocou uma fonte da corporação.

Depois dos ataques golpistas de 8 de janeiro, quando integrantes do GSI foram acusados de conivência na invasão do Palácio do Planalto, o órgão busca recuperar a imagem desgastada. Uma das primeiras medidas depois do episódio foi uma extensa renovação da equipe.

Fontes do GSI reconhecem que o órgão foi "infestado" de ideologia política no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando foi comandado pelo general da reserva Augusto Heleno. Mas, agora, a estratégia é reforçar o discurso de que é uma instituição de Estado para afastar as desconfianças.

No início do ano, Lula escolheu utilizar o aparato de segurança da PF, mas, em junho, a segurança presidencial voltou ao controle do GSI com a edição de um novo decreto. O movimento foi interpretado como uma derrota para a Polícia Federal e para o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino — que defendia a manutenção da atribuição com a corporação.

O decreto deu a possibilidade de parentes do presidente e do vice optarem pelo GSI ou pela PF. Na mudança, somente a primeira-dama Janja escolheu continuar com a PF a protegê-la.

"A segurança da primeira-dama ficou sob responsabilidade da Polícia Federal. A segurança do presidente da República, do vice-presidente e dos familiares — filhos e filhas do presidente da República — estão sob a responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional", frisou Amaro.

Essa possibilidade de escolha foi chamada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, de "modelo de segurança híbrido". O decreto, porém, garantiu ao GSI a exclusividade na coordenação da proteção do presidente e do vice.

Sem um grupo de servidores próprio, o Gabinete de Segurança Institucional conta com agentes cedidos das Forças Armadas e de integrantes das forças de segurança pública. Com a solicitação de Lula por uma ampliação da participação das corporações civis, foi criada a Coordenadoria de Apoio Policial para incluir os policiais federais escalados na segurança presidencial no primeiro semestre — que tem apenas dois servidores da PF entre os mais de 800 agentes.

Apesar das farpas disparadas pela PF, no GSI a posição é de que o assunto está pacificado. Com as mudanças no Ministério da Justiça — em função da indicação do ministro Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal —, a expectativa é de que as tensões amenizem.

 

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