Abreu e Lima

Lava-Jato: Lula sugere "mancomunação" dos EUA e "juízes" brasileiros

Presidente participou nesta quinta-feira (18/1) de cerimônia da retomada das obras da refinaria Abreu e Lima, afetada pelas investigações da Lava-Jato

Lula visitou na tarde de hoje a polêmica refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, Pernambuco. A obra, superfaturada, foi um dos destaques da operação Lava-Jato -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
Lula visitou na tarde de hoje a polêmica refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, Pernambuco. A obra, superfaturada, foi um dos destaques da operação Lava-Jato - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
postado em 18/01/2024 19:09 / atualizado em 18/01/2024 19:55

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na tarde desta quinta-feira (18/01) da cerimônia de retomada das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O chefe do Executivo voltou a apontar uma suposta manipulação dos EUA na operação Lava-Jato — que afetou a construção da refinaria. A obra, superfaturada, foi um dos destaques da ação que originalmente apurou esquema de desvio de recursos na Petrobras.

"Tudo o que aconteceu nesse país foi uma mancomunação entre alguns juízes desse país, alguns procuradores desse país, subordinado ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que queriam e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras. Eles não queriam que a gente tivesse a Petrobras em 1953", apontou.

Lula caracterizou a continuidade das obras como "um dia muito importante". "Ele é muito importante para o Brasil, para a Petrobras, para o povo trabalhador brasileiro, ele é muito importante pessoalmente pra mim". 

Segundo ele, casos de corrupção devem ser investigados sem afetar a soberania do país. "Quando eu deixei a Presidência eu tive as contas dos meus oito anos de governo aprovadas por unanimidade no Tribunal de Contas e no Congresso. Somente cinco anos depois começou o processo de denúncia contra a Petrobras. Não era contra a Petrobras, porque se você quisesse de fato apurar corrupção, você apurava. O que não pode punir é a soberania de um país como o Brasil é da sua empresa mais importante que é a Petrobras", declarou.

O presidente também relatou sobre os quase dois anos em que esteve preso. 

"Eles me prenderam achando que 'ele vai fazer que nem os outros, vai chorar na cadeia, vai pedir água, vai pedir para ir para casa, para ver a mulher e os filhos'. Eles se esqueceram que minha mulher morreu por causa deles. Chegaram com uma proposta de acordo e disseram 'Lula, se você aceitar, a gente tira você daqui. Você vai para casa com uma tornozeleira e fica livre'. Eu falei 'duas coisas vocês têm que aprender. Não troco minha dignidade pela minha liberdade. Eu não sou pombo-correio e minha canela não aceita tornozeleira. A terceira é que minha casa não é a prisão", contou.

"Nem deveria estar contando isso aqui, porque já se passou muito tempo. O povo já me colocou de volta, as pessoas que me acusaram estão apodrecendo porque sabem que mentiram e sabem que o inferno as guarda por tanta mentira que contaram", bradou.

"Psicopata"

Em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula afirmou que o Brasil "chegou ao ponto de eleger um psicopata para ser presidente da República".

"Alguém que vive da mentira, da maldade, de ofender os outros. E é fácil porque para ele todo mundo aqui é ladrão. Pra ele todo mundo aqui é comunista, pra ele todo mundo aqui defende aborto, pra ele todo mundo aqui faz isso e faz aquilo como se ele e seus filhos fossem exemplo de família nesse país", continuou.

Por fim, o petista disse querer que sejam recontratados os funcionários demitidos após a paralisação das obras com o início da Lava Jato.

"Tem que descobrir cada funcionário que foi mandado embora daqui e traga ele de volta. Nosso lema é ninguém solta a mão de ninguém e ninguém deixa o companheiro para trás", recomendou ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Prates por sua vez, disse que o investimento na segunda etapa da refinaria será entre R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões. O valor investido está inserido no orçamento previsto de R$ 92 bilhões destinados ao estado através do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). Ele defendeu que as obras são um retrato de superação.

"A RNEST é o retrato da superação, da volta por cima, do grau máximo de resiliência, de recuperação. Estamos reabrindo a possibilidade de produzir mais diesel brasileiro, mas também a de adaptar essa refinaria para o futuro”, pontuou Prates. "É a refinaria de 100 anos, que não acaba com o petróleo. O petróleo até pode acabar, mas a Rnest não acaba", alegou.

"Essa refinaria vai produzir combustível renovável a 100% de origem vegetal. Não é com a planta pequena, é com uma refinaria de 260 mil barris/dia que vocês (petroleiros) operam e que os filhos e netos vão continuar operando, e não vai ser uma lata velha do fim do petróleo". 

Abreu e Lima

Nos próximos cinco anos, a Petrobras vai investir US$ 17 bilhões em projetos de refino, transporte e comercialização no Brasil para ampliar a capacidade de produção de diesel e aumentar gradualmente a oferta de produtos para mercado de baixo carbono. A expectativa é de geração de cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos e um acréscimo de cerca de 13 milhões de litros de Diesel S10 (de baixo teor de enxofre) por dia à capacidade de produção nacional.

O investimento está previsto no Plano Estratégico 2024-28+ da Petrobras e faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já em fase de contratação, a construção do Trem 2 da refinaria tem data para finalização em 2028, quando passará a ter capacidade para processar 260 mil barris de petróleo por dia. As obras estão previstas para começar no segundo semestre deste ano.

Além da conclusão do Trem 2, o projeto prevê a construção da primeira unidade SNOX do refino brasileiro, que será responsável por transformar óxido de enxofre (SOx) e óxido de nitrogênio (NOx) em um novo produto para comercialização. As obras já estão em andamento e a unidade começa a operar em 2024. Ainda este ano também começam as obras para a ampliação da produção do Trem 1 (Revamp), que proporcionará aumento de carga, melhor escoamento de produtos leves e maior capacidade de processamento de petróleo do pré-sal. A expectativa de conclusão do Revamp (ampliação) do Trem 1 é no primeiro trimestre de 2025.

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