Investigação

Ramagem comandou espionagem para beneficiar filhos de Bolsonaro, aponta STF

Relatório da PF usado na decisão de Alexandre de Moraes mostra que monitoramento de celulares teve como objetivo avaliar diligências contra Jair Renan, filho do ex-presidente

O então presidente Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem durante evento na Abin, em 2020  -  (crédito: Marcos Corrêa/PR)
O então presidente Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem durante evento na Abin, em 2020 - (crédito: Marcos Corrêa/PR)
postado em 25/01/2024 14:17 / atualizado em 25/01/2024 14:42

O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, atual deputado federal pelo PL, agiu em um esquema de espionagem para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus familiares. É o que aponta decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado levantou o sigilo do despacho.

De acordo com a decisão de Moraes, que autoriza a operação da Polícia Federal que mira Ramagem e policiais federais envolvidos no esquema, o objetivo era monitorar alvos de interesse de Bolsonaro, do filho dele, Jair Renan, e outras pessoas. Renan foi alvo de uma investigação policial por suspeita de tráfico de influência.

"Os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram das ferramentas e serviços da Abin para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da
Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então Presidente Jair Bolsonaro", diz um trecho da decisão.

A Polícia Federal explica que um software era usado para monitorar, ilegalmente, a localização do celular dos alvos. A espionagem ocorria sem autorização da Justiça e sem que o alvo soubesse que estava sendo vigiado.

"A investigação apura a utilização do sistema de inteligência First Mile pela ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) no monitoramento de dispositivos móveis, sem a necessidade de interferência e/ou ciência das operadoras de telefonia e sem a necessária autorização judicial. Segundo informado pela Polícia Federal, o referido sistema, fornecido pela empresa Cognyte Brasil S.A., é capaz de identificar a Estação Rádio Base (ERB) indicando a localização de qualquer celular monitorado", destaca um trecho do relatório da investigação.

Buscas

Alexandre Ramagem, que comandou a Abin no governo Bolsonaro, foi alvo de busca e apreensão nesta quinta-feira (25/1). O apartamento funcional e o gabinete dele, na Câmara, em Brasília, foram alvos de agentes da PF.

Os outros mandados ocorreram em Brasília (16), Juiz de Fora (MG) (1), São João Del Rei (RJ) (1) e Rio de Janeiro (1). A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.

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