OPERAÇÃO

"Não vai ter revisão do VAR", disse Heleno ao defender golpe antes das eleições

Em reunião com a presença de Bolsonaro, general sugeriu que agentes da Abin fossem infiltrados nas campanhas eleitorais

A PF aponta que o general Augusto Heleno sugeriu a realização de um golpe de Estado antes das eleições de 2022 -  (crédito:  Policia Federal/Divulgação)
A PF aponta que o general Augusto Heleno sugeriu a realização de um golpe de Estado antes das eleições de 2022 - (crédito: Policia Federal/Divulgação)
postado em 08/02/2024 13:41

A Polícia Federal aponta que o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sugeriu a realização de um golpe de Estado antes das eleições de 2022. De acordo com as investigações, em uma reunião com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, o militar sugeriu "virar a mesa" e vigiar instituições e autoridades.

Nas declarações, Heleno, que é alvo da operação deflagrada pela PF nesta quinta-feira (8), diz que chegará um momento que não será mais o tempo de falar, mas sim de agir contra as instituições. As investigações fazem parte do inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga ataques contra as eleições, os ministros da mais alta corte do país e tentativa de derrocada da democracia.

A PF aponta que Heleno sugeriu, na reunião, realizada em julho de 2022, a espionagem paralela da Abin. Ele sugeriu que agentes de inteligência fossem infiltrados de maneira ilegal nas campanhas eleitorais, mas alertou que eles poderiam ser identificados. “Por fim, dentro do contexto investigativo, torna-se relevante contextualizar a fala do General Augusto Heleno, então Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República - GSI/PR. Inicialmente, o General Augusto Heleno afirma que conversou com o Diretor-Adjunto da Abin Vitor para infiltrar agentes nas campanhas eleitorais, mas adverte do risco de se identificarem os agentes infiltrados", diz trecho da decisão do STF. 

Nesse momento, o então presidente Jair Bolsonaro, possivelmente verificando o risco em evidenciar os atos praticados por servidores da Abin, interrompe a fala do ministro, determinando que ele não prossiga em sua observação, e que posteriormente "conversem em particular" sobre o que a Abin estaria fazendo", aponta a PF.

Ainda de acordo com a corporação, o então chefe do GSI prossegue em sua fala e evidencia a necessidade de os órgãos de Estado vinculados ao governo federal atuarem para assegurar a vitória de Bolsonaro "Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições", disse Heleno. VAR é a sigla em inglês para "Video Assistant Referee", o chamado técnico de vídeo, usado no futebol para rever lances. Este técnico, pode suspender decisões da arbitragem caso entenda que houve violação das regras do jogo.

Em seguida, segundo a PF, o então ministro do GSI afirma de forma categórica que deveriam agir contra determinadas instituições e pessoas. Diz: "Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro", disse Heleno.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação