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Governo ameaça retaliar aliados que assinaram impeachment de Lula

Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) anunciou que enviará lista desses parlamentares para que Planalto "tome providências"

José Guimarães:
José Guimarães: "Formou-se um consenso entre nós de que é incompatível o parlamentar ter relação com o governo e assinar pedido de impeachment" - (crédito: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
postado em 28/02/2024 03:55

Ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha a garantia do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que o pedido de impeachment da oposição não vai vingar, o governo ameaça retaliar deputados de partidos da base que endossaram e assinaram o pedido, uma iniciativa da bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP). 

Em reunião na manhã desta terça-feira na liderança do governo, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), demonstrou a insatisfação do Palácio do Planalto com esses deputados signatários do pedido de afastamento de Lula no cargo. Depois, se manifestou sobre o assunto nas redes sociais. 

"Na reunião dos líderes da base, hoje (terça-feira), nós conversamos um pouco sobre a conjuntura, fizemos um balanço das principais votações, e um dos temas da pauta foi esse pedido de impeachment. Formou-se um consenso entre nós de que é incompatível o parlamentar ser da base do governo, ter relação com o governo e assinar pedido de impeachment", postou Guimarães.

Na sequência, o deputado fez a ameaça: "Isso não é razoável, e a minha posição é encaminhar a lista desses parlamentares para que o governo tome providências". 

O pedido de impeachment de Lula, protocolado na semana passada, na Câmara, tem como base as declarações do chefe do Executivo sobre Israel, quando comparou os ataques à Faixa de Gaza às ações de Adolf Hitler no Holocausto. 

Os deputados de partidos aliados que assinaram o pedido podem ver seus indicados para cargos federais nos seus estados perdendo esses empregos. Está sendo discutida também a contenção na liberação das emendas a que esses parlamentares têm direito. 

Nas contas do governo, dos 124 apoiadores do impeachment, pelo menos 20 são de partidos como PSD, Republicanos, União Brasil e PP, legendas que ocupam ministérios na Esplanada. "O nosso propósito é isolar os radicais", disse o deputado Rubens Pereira Jr, (PT-MA), um dos vice-líderes do governo. 

Um dos argumentos dos governistas indignados com a adesão desses deputados é que no PL, de Jair Bolsonaro, 19 parlamentares não assinaram o pedido, incluído o seu líder na Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ). Entre os que não assinaram, está João Carlos Bacelar (PL-BA). Ao Correio, ele explicou: "Sou do PL do B, da base do governo". 

Cabe ao presidente da Câmara aceitar ou não um pedido de impeachment contra o presidente da República. Lira, que tem se reaproximado de Lula, pode decidir sozinho o destino do pleito da oposição, e não há prazo para essa decisão.

Quando aceito, o mérito da denúncia deve ser analisado por uma comissão especial e depois pelo plenário da Câmara. São necessários os votos de pelo menos 342 dos 513 deputados para autorizar o Senado a abrir o processo.

 

 

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