8 de janeiro

Freire Gomes disse que sofreu pressão e ataques por não aceitar golpe

Ex-comandante afirmou que Jair Bolsonaro detalhou trama golpista à cúpula militar. Celular de Aílton Barros foi identificado como um dos autores dos ataques

O ex-presidente Jair Bolsonaro e general da reserva Marco Antônio Freire Gomes -  (crédito:  Isac Nóbrega/PR)
O ex-presidente Jair Bolsonaro e general da reserva Marco Antônio Freire Gomes - (crédito: Isac Nóbrega/PR)
postado em 15/03/2024 13:20

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, disse à Polícia Federal que sofreu ataques e pressão por não concordar com o golpe de Estado proposto nas reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os chefes das Forças Armadas.

No depoimento, no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o 8 de janeiro tornado público nesta sexta-feira (15/3), foi citado que o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Barros — preso no esquema de dados falsos de vacinação — era um dos autores das intimidações virtuais. 

“Indagado que se passou a receber ataques à sua honra e a de sua família, nas redes sociais ou presencialmente, após a referida reunião, respondeu que sim. Indagado que se passou a receber pressões para anuir a possível ruptura institucional, respondeu que sim”, diz trecho do documento.

O celular de Ailton Gonçalves Barros foi identificado pela perícia da Polícia Federal. Ele teria atacado o ex-comandante do Exército na internet e em troca de mensagens.

“Indagado sobre o que Aílton Gonçalves em relação ao depoente, quando afirmou que ‘Se o FG tiver fora mesmo. Será devidamente implodido e conhecerá o inferno astral’ respondeu que acredita que tinham a intenção de retirar o depoente do comando do Exército”, diz trecho.

“Cientificado que a Polícia Federal identificou postagens de AILTON GONÇALVES MORAES BARROS na rede social X (antigo Twitter) no dia 19.12.2022 em que o mesmo marcou o perfil de JAIR BOLSONARO, dos jornalistas PAULO FIGUEIREDO, AUGUSTO NUNES e GUILHERME FIUZA e a um perfil denominado "@genfreiregome", e utilizou os adjetivos "omissos, covardes e fracos".

Para Freire Gomes, o objetivo era intimidá-lo e convencê-lo a apoiar a trama golpista. “INDAGADO se tais postagens em que se referia ao depoente visavam pressioná-lo a anuir com a proposta de Golpe de Estado, respondeu. QUE acredita que sim; QUE esclarece que o perfil "@genfreiregome" não pertencia ao depoente; QUE nunca teve conta na rede social Twitter (atual X)”.

Queda do sigilo

O ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo dos depoimentos do 8 de janeiro, nesta sexta-feira (15/3). Freire Gomes confirmou à Polícia Federal que Jair Bolsonaro apresentou a ele e aos outros comandantes das Forças Armadas uma minuta de decreto para instaurar um estado de defesa no TSE e "apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral" de 2022.

No depoimento, ele também afirmou que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres participou de algumas reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chefes das Forças Armadas para discutir sobre a minuta do golpe.

Segundo os autos, Torres havia sido consultado para dar suporte jurídico sobre a possibilidade de usar a como Garantia de Lei e da Ordem (GLO), Estado de Defesa e Estado de Sítio para tentar reverter o resultado das eleições de 2022.

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