Investigação

Preso, Brazão diz à CCJ que tinha "ótimo relacionamento" com Marielle

O deputado suspeito de ser mandante do assassinato da vereadora, em 2018, avaliou discordância com Marielle sobre regularização de terras no Rio, apontada como motivação para o crime pela investigação, como "cosia simples"

A presidente da CCJC, Caroline de Toni (PL-SC), acatou um pedido de vista, adiando a decisão sobre a manutenção da prisão de Brazão tanto no colegiado, quanto no plenário da Câmara -  (crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
A presidente da CCJC, Caroline de Toni (PL-SC), acatou um pedido de vista, adiando a decisão sobre a manutenção da prisão de Brazão tanto no colegiado, quanto no plenário da Câmara - (crédito: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
postado em 26/03/2024 17:56 / atualizado em 26/03/2024 17:58

O deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco e o do motorista Anderson Gomes, em 2018, afirmou, nesta terça-feira (26/3), em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara, que ele e a veradora tinham um “ótimo relacionamento”.

“Só tivemos uma vez um debate em que ela defendia a área de especial interesse que eu também defendia. Inclusive, defendemos depois disso. Rio das Pedras, que o prefeito Crivella queria construir prédios, e a Marielle estava do meu lado na mesma luta, posterior a tudo isso”, declarou o deputado ao plenário da CCJC. Ele prestou o depoimento por videoconferência já que está preso desde domingo (24).

Na avaliação de Chiquinho, a motivação do crime apontada pela investigação da Polícia Federal (PF), que envolve a disputa pela regularização de territórios na cidade do Rio de Janeiro, seria fundada em uma “coisa simples” . “O tema que está sendo debatido hoje aconteceu na Câmara Municipal do Rio de Janeiro num debate, onde eu debatia com a vereadora, uma coisa simples.”

“Não vejo esse elo gerando o que gerou pelo Brasil, pela simples discordância de um ponto de vista, em que eu estava lutando para aprovar o projeto de lei nº 174, que regulamentava num período de um ano entre os condomínios irregulares, para que a cidade do Rio de Janeiro pudesse ter mais organização, por falta de iniciativa do poder público, que permitiu que muitos desses condomínios pudessem ser construídos. Eu via ali uma grande oportunidade de ajudar o município a ter uma renda maior, até para fiscalizar. A alegação, sempre do poder Executivo, era de que não tinha recursos para legalizar o crescimento desordenado dos condomínios”, defendeu-se o parlamentar acusado.

O ex-vereador argumentou ainda que o projeto em questão estabelecia que o morador apresentasse um comprovante da compra do imóvel e que estavam vedadas de regularização imóveis que estivessem em áreas de proteção ambiental, de risco, alagadiça e de invasão, por exemplo.

“Gostaria que vocês pudessem analisar antes de tomar essa posição porque parece que cresce um ódio das pessoas buscando, não importa quem, alguém. Teriam que olhar na verdade o resultado da CPI das Milícias”, finalizou, em meio a gritos de “Marielle presente”.

A presidente da CCJC, Caroline de Toni (PL-SC), acatou um pedido de vista, adiando a decisão sobre a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão tanto no colegiado, quanto no plenário da Câmara.

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