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Cappelli sobre ataques de Musk: 'A questão aqui é o Brasil'

Presidente da ABDI considera um "absurdo" a afronta do bilionário ao Supremo e diz que outras redes sociais podem substituir o X

Nomeado interventor na segurança pública do Distrito Federal após os atos de 8 de janeiro, Ricardo Cappelli comanda atualmente a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ADBI). Mas ele continua atento aos temas ligados à democracia e à violência política. Convidado do programa CB.Poder — uma parceria entre o Correio e a TV Brasília — o ex-secretário falou às jornalistas Ana Maria Campos e Samanta Sallum sobre o embate entre o empresário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O ex-secretário executivo do Ministério da Justiça comentou ainda sobre o caso Marielle. E, por fim, tratou dos objetivos à frente da ABDI.

Para Cappelli, trata-se de um "absurdo" estrangeiros tentarem interferir na soberania nacional, pedindo o impeachment de um ministro do STF. "Aqui não está em questão em quem você votou, em quem você não votou. Aqui está em questão o Brasil. A gente não pode permitir que um bilionário estrangeiro venha desrespeitar o Brasil, desrespeitar as nossas instituições e pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Isso é um absurdo", definiu.

Cappelli foi além. "O impeachment que a gente deve fazer é o do senhor Elon Musk. Não seria nenhum absurdo bani-lo do país, banir essa rede social do país, uma vez que ela está dizendo claramente que não vai respeitar as regras do Brasil", sustentou o ex-secretário-executivo do Ministério da Justiça.

Cappelli argumentou ser perfeitamente possível outras redes sociais substituírem o espaço virtual de Elon Musk. "A tecnologia está sempre evoluindo, e você tem várias opções, então não existe ninguém nem nada insubstituível. Se o Twitter, atual X, for cassado e banido do Brasil, nós teremos, com certeza, outras opções para nos comunicarmos através das redes sociais", acrescentou.

Caso Marielle

Sobre o caso Marielle, Cappelli lembrou que a elucidação foi uma das prioridades estabelecidas pelo Ministério da Justiça, ainda na gestão de Flávio Dino. Para ele, a prisão dos supostos mandantes do crime — os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa — mostra a qualidade da Polícia Federal e deixa claro que a demora na resolução do crime ocorreu por "falta de vontade política".

"A gente tem uma Polícia Federal de excelência. Ela é reconhecida no Brasil e no mundo como uma polícia de excelência, tecnicamente muito preparada. Em pouco mais de um ano, ela conseguiu desvendar e revelar o caso Marielle", alegou Cappelli. "Fica claro que o problema não era a ausência de provas. O que faltou foi vontade política de enfrentar a questão e chegar a todos os envolvidos", comentou. "No dia da posse de Flávio Dino no MJSP, ele definiu que isso seria prioridade e, quando a gente deixou o ministério, a PF tinha muita confiança de que conseguiria desvendar o caso, como conseguiu", concluiu.

Ao comentar os ataques recentes à democracia brasileira, Cappelli destacou a importância de se ter Forças Armadas fortes e em harmonia com o Poder Civil. Com isso, congratulou a decisão do STF de rejeitar o chamado "Poder Moderador" das Forças Armadas. "Foi muito importante porque é uma decisão que contou com o apoio público do comandante do exército, o general Tomás Paiva. Ele disse que essa coisa de poder moderador é uma invenção utilizada para tentar construir um ambiente golpista no Brasil", observou.

Política industrial

Por fim, Ricardo Cappelli comentou o atual estágio da política industrial brasileira. Ele destacou o programa Nova Indústria Brasil, que visa oferecer segurança jurídica para investimentos no setor produtivo. Segundo ele, a transição energética representa uma grande "janela de oportunidade" para a neoindustrialização do Brasil.

"O Brasil tem a matriz energética mais limpa do mundo. Nós temos condições relacionadas à fotovoltaica, à eólica e mesmo à hidrelétrica que nenhum país do mundo tem. Então, a gente pode, não só gerar novos negócios a partir disso, como também atrair empresas para cá. A maioria das empresas, no mundo inteiro, estão pressionadas para reduzir as suas emissões (de carbono), e não há lugar melhor no mundo para elas terem uma planta com emissão zero do que no Brasil", argumentou.

Cappelli também explicou que a ABDI pretende modernizar a Lei de Inovação, que visa utilizar o orçamento público e as compras públicas como incentivo à inovação. O objetivo da ABDI é buscar o equilíbrio no binômio "risco-recompensa" para incentivar que empresas realizem maiores investimentos em inovação.

O presidente da ABDI defendeu que o desenvolvimento do país requer uma parceria entre os setores público e privado. "Essa parceria é fundamental, porque há fases do desenvolvimento da pesquisa que têm muito risco. E quando se tem muito risco, o setor privado não entra, não aposta. Nessas fases, quem assume esse risco é o Estado. O setor privado só entra quando a coisa já está mais avançada, quando ele vê que ali tem um produto que ele pode lucrar", finalizou.

*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza

 

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