
Com um discurso de exaltação às mulheres, a nova presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, destacou nesta quarta-feira (12/3) a importância da luta feminina para ocupar os espaços de poder. A magistrada ressaltou os avanços dos últimos anos, mas apontou que há um longo caminho até a igualdade de gênero.
“Nós, mulheres, temos um sonho: o sonho da igualdade. A Carta de 1988 nos emancipou graças a um renhido e diminuto grupo de parlamentares eleitas para o Congresso Nacional em 1986, que colaboraram para que as garantias femininas fossem fundamentalizadas. Resta-nos, agora, ressignificar nosso papel nas estruturas societárias”, disse.
Ela lamentou que o Brasil é considerado um dos mais desiguais do mundo, segundo o Índice Global de Disparidade de Gênero de 2024. “Isto reflete as mazelas de um Estado que ainda se esbate contra discriminações e preconceitos, herdados de uma estrutura patrimonialista-patriarcal”, ressaltou Maria Elizabeth.
A nova presidente do STM é a primeira mulher da história da Corte militar a ocupar o cargo em 217 anos de instituição. Na cerimônia de posse, ela disse que pretende adotar políticas que incentivem a ampliação de mulheres nos espaços de poder.
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“Não tenho dúvidas de que o ideário feminista se imbrica com o humanista quando buscam edificar um mundo sem constrangimentos. Um mundo que não afeta só as mulheres binárias, cisgêneros, hetero ou homossexuais, porque o gênero feminino não é sinônimo de sexagem. Ele diz respeito aos papéis historicamente construídos e suas violências específicas”, disse.
“A despeito do evidente avanço legal, longo é o caminho para a construção de um país livre de constrangimentos e asfixias sociais. Conviver em uma sociedade na qual sejam superadas todas as formas de discriminação e opressão é um ideal civilizatório de convivência entre humanos, que reconhece talentos sem estereotipá-los com preconcebidas concepções sobre as representações de cada qual na comunidade política”, afirmou.
Diversidade durante cerimônia de posse
A programação de posse incluiu a apresentação de artistas que reforçam o prestígio à diversidade que o mandato focará. Um dos destaques foi a soprano brasiliense Aida Kellen, que entoou a versão em português do Hino Nacional. O nosso hino será cantado também em língua Tikuna, por Djuena Tikuna, cantora indígena brasileira nascida no Alto Solimões.
Maria Elizabeth destacou a importância de exaltar a representatividade indígena.
“Fiz questão, nesta posse, de o hino nacional ser cantando em idioma Tikuna como uma homenagem às Forças Armadas. Explico a razão. A primeira vez que o ouvi foi em Yauaretê, distrito de São Gabriel da Cachoeira, localizado no maravilhoso Estado do Amazonas, que o adotou como língua cooficial. Ouvi-o entoado por crianças indígenas, ao visitar o 1º Pelotão Especial de Fronteira instalado no local, em junho de 1988”, disse.
*Estagiária sob a supervisão de Luana Patriolino
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