
A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, defendeu nesta terça-feira (15/4) que o Brasil tenha “sobriedade” nas tratativas sobre a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que terá o Brasil como sede.
Em discurso na abertura do evento “Conectando Clima e Natureza: Recomendações para Negociações Multilaterais”, realizado em Brasília, a ministra citou que as ondas de calor levam a vida de cerca de 146 mil pessoas por ano e defendeu a necessidade de se fazer uma transição energética justa.
“Não me canso de dizer que é a COP no Brasil, não é a COP do Brasil. É a COP na Amazônia, não é a COP da Amazônia. E que deve ser uma COP sóbria”, comentou. “Não é festa, é trabalho, é luta”, enfatizou.
Marina afirmou que o Brasil está se esforçando em liderar pelo exemplo e apontou que o que antes era uma janela de oportunidade, no combate às mudanças climáticas, hoje se reduziu a uma “fresta de oportunidade”.
“Nós levamos 30 anos para dizer que o caminho é fazer a transição do uso de combustível fóssil. Nós vamos ter que nos planejar para isso, porque senão essa fresta vai embora. Isso é responsabilidade de todos, mas é preciso que alguém assuma isso”, declarou.
Silva defendeu, também, uma sinergia entre redução de emissão de CO2 e uma transição justa e planejada para o fim do combustível fóssil. “A pior coisa que tem é a gente não se planejar para mudar (...) Eu gosto da ideia da gente se planejar para mudar, porque aí a gente tem a chance de poder gradativamente fazer as coisas sem os efeitos indesejáveis da mudança.”
“E o que são os efeitos indesejáveis da mudança? É que haja desemprego, que aconteça uma série de problemas que nós não queremos”, emendou a ministra, que ressaltou, ainda, que “sinergias ruins são altamente avassaladoras”.
Margem Equatorial
Um impasse da pasta do Clima, em meio às tratativas da COP, é a tentativa do governo de avançar na exploração de petróleo na região da Margem Equatorial, na bacia da Foz do Amazonas. Na semana passada, em evento com empresários, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o atraso no processo de licenciamento ambiental para exploração da região estaria “atrasando a transição energética”.
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Segundo ele, o potencial econômico advindo da exploração é o que poderá financiar uma transição energética justa. Ele defendeu que a demanda por petróleo no mundo está longe de ter fim e apontou que o país não pode “perder a oportunidade” de explorar a área.
“Enquanto o mundo demandar, alguém vai ofertar”, destacou durante o evento Gás Week. “E não vai ser o povo brasileiro que vai deixar de ofertar o petróleo mais descarbonizado, já que tem tanta expertise, na segurança, tanto de pesquisa quanto de exploração, que vai pagar essa conta”, enfatizou.