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Gleisi nega gastança do governo e culpa taxa Selic

Ministra das Relações Institucionais sustenta que gestão petista tem cumprido "rigorosamente" o novo arcabouço fiscal e diz que aumento das despesas se deve às sucessivas elevações da taxa Selic pelo Banco Central

Gleisi Hoffmann não nomeia um culpado no BC, apenas critica as sucessivas altas dos juros -  (crédito: Gil Ferreira/SRI)
Gleisi Hoffmann não nomeia um culpado no BC, apenas critica as sucessivas altas dos juros - (crédito: Gil Ferreira/SRI)

Depois de duras críticas do Congresso, nas últimas semanas, sobre a dificuldade do governo em conter o crescimento de gastos, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, negou, nesta sexta-feira,  haver uma "gastança" por parte do Executivo que esteja prejudicando as contas públicas. Em uma publicação no X (antigo Twitter), a titular da pasta disse que o Planalto tem cumprido "rigorosamente" o novo arcabouço fiscal, e criticou governos anteriores.

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"É falso falar em 'gastança' quando o arcabouço fiscal cria limites para as despesas, que estão sendo cumpridos rigorosamente, ao contrário do que acontecia com a Lei do Teto de Gastos, que foi ignorada em todo o período de Bolsonaro e Guedes", postou Gleisi. "A responsabilidade e o esforço fiscal do governo do presidente Lula são inegáveis, ou não teríamos reduzido o déficit primário de 2,3% para 0,09% do primeiro para o segundo ano do governo", acrescentou.

Gleisi criticava uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo que apontava que o ritmo de crescimento de gastos no terceiro mandato de Lula foi quase o dobro do da arrecadação. Para a ministra, o grande responsável pelo aumento das despesas são os juros da dívida, que sofrem influência direta da política de juros do Banco Central.

Enquanto presidente do PT na gestão Lula 3, a então deputada fez campanha ferrenha contra o presidente do Banco Central à época, Roberto Campos Neto, acusando-o de agir contra a economia nacional por um suposto alinhamento ao governo anterior. Agora, com Gabriel Galípolo, indicado por Lula, à frente do BC, Gleisi não nomeia um culpado, apenas critica as sucessivas altas.

"O que a manchete também esconde é que o motor do crescimento das despesas são os juros da dívida, as despesas financeiras, que devem chegar a R$ 1 trilhão este ano por causa dos juros estratosféricos", escreveu. "São os interesses do sistema financeiro que estrangulam o Orçamento, e não os investimentos em educação, saúde, previdência, políticas sociais, financiamento da produção e infraestrutura para o crescimento."

O grande problema para a ministra, responsável pela articulação política do governo, é que os próprios presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), vieram a público condenar o ritmo de gastos do governo quando a equipe econômica aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) — medida que está prestes a ser derrubada pelo Congresso. Aos dois se somou um coro de especialistas em contas públicas, que culpam o Executivo por não limitar, no início do governo, o crescimento com despesas obrigatórias.

Embora o Legislativo tenha criticado a alta de impostos no IOF, não se comprometeu a aprovar as regras também impopulares que entraram na medida provisória editada pelo governo na semana passada. Na segunda-feira, Gleisi já havia enviado um recado para os parlamentares: derrubar o decreto do IOF (que tinha arrecadação inicial prevista em R$ 20 bilhões) por inteiro poderia afetar as emendas, já que o governo pretende bloquear ou contingenciar mais recursos do Orçamento para cobrir o que entraria nos cofres públicos com o IOF.

Apesar da negativa do governo de que está gastando muito, é evidente o esforço para ampliar programas sociais, pensando em 2026. A popularidade da gestão Lula segue em queda, e a equipe de comunicação trabalha continuamente para tentar emplacar as políticas públicas do Executivo na imprensa e nas redes sociais para tentar chegar ao eleitorado. A próxima cartada é jogar os holofotes no programa Luz do Povo.

Nesta semana, um comercial de tevê, com o título Bye Bye, conta de luz foi veiculado pela Secom, com a promessa de que 60 milhões de brasileiros terão as faturas zeradas. A ideia do programa, que já estava na MP de reforma do setor elétrico, é conceder isenções e descontos para a população mais carente. Não há garantias, no entanto, de que as novidades serão aprovadas pelo Congresso.

 

 

postado em 21/06/2025 03:55
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