
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário dos grandes líderes do Ocidente, evitou comentar o ataque dos Estados Unidos contra instalações nucleares no Irã, ocorrido na noite de sábado. No entanto, por meio de nota do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o governo condenou os bombardeios e alertou sobre "danos irreversíveis" com a escalada militar no Oriente Médio, se não houver "solução diplomática".
Porém, a exemplo do restante do mundo, o Itamaraty informou que acompanha os desdobramentos e defende o caminho da conciliação e da busca pela paz na guerra entre Israel e Irã com a forte participação norte-americana.
Para as autoridades brasileiras, é importante respeitar e preservar os tratados e acordos internacionais. O discurso que será encampado pelo presidente Lula e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, é que, em meio à escalada de violência no Oriente Médio, não há vitoriosos.
E essa posição do governo brasileiro deverá ser reforçada daqui a duas semanas, na Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de julho. Fundado em 2006, o bloco reunia, inicialmente, Brasil, Rússia, Índia e China, depois, em 2011, a África do Sul foi incluída no grupo.
No ano passado, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos também se tornaram membros, assim como a Indonésia em janeiro deste ano. Há, ainda, os integrantes plenos Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. Em janeiro, o Brasil assumiu a presidência do Brics.
O encontro vai reunir potências militares, como a China e a Rússia, que já se posicionaram contrárias aos bombardeios ordenados pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Lula e Vieira deverão reiterar que apenas uma "solução diplomática" será capaz de interromper o "ciclo de violência" e abrir "oportunidade para negociações de paz". Ambos pretendem reiterar as consequências de uma escalada de violência para o planeta. "(Pode) gerar danos irreversíveis para a paz e a estabilidade na região e no mundo e para o regime de não proliferação e desarmamento nuclear", segundo a nota da chancelaria.
Diplomacia
O tom conciliador é a marca da diplomacia brasileira e também é considerado o ideal para a preservação interna e o bom relacionamento com parceiros econômicos importantes. Especialistas ouvidos pelo Correio lembram que estão em jogo acordos com os Estados Unidos, Israel, China, Rússia e vários outros países, sem contar o bom contato que existe com o Irã.
Ao defender a preservação dos acordos e tratados internacionais, no entanto, o Brasil não se omite de criticar o uso de energia nuclear sem fins pacíficos. Essa observação é uma condenação direta a Teerã, uma vez que pouco se sabe sobre as instalações atômicas iranianas e o que se pretende com a produção ali fomentada.
Se de um lado o Brasil aponta para o Irã, também faz o mesmo para Israel, pois não deixa de lado os quase três anos de guerra em Gaza. Uma batalha desigual, considerando o poder militar israelense e o estado em que se encontram os palestinos. Para condenar os "ataques recíprocos", o governo brasileiro deve ratificar a ameaça decorrente dessa reação.
"O Brasil também repudia ataques recíprocos contra áreas densamente povoadas, os quais têm provocado crescente número de vítimas e danos à infraestrutura civis, incluindo instalações hospitalares, as quais são especialmente protegidas pelo direito internacional humanitário", conforme a nota do Itamaraty.
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